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Serial Killers - Parte XI - Mitos Sobre Serial Killers Parte 6

#6: ELES SÃO TODOS BRANCOS Contrariando o mito popular, nem todos os serial killers são brancos. Serial killers existem em todos os gr...

quarta-feira, 18 de junho de 2014

É possível ser o melhor amigo de um serial killer sem nunca desconfiar dele?

Lembra-se daquele rapazinho espertalhão da escola que arrancava as asas às moscas, incendiava caixotes do lixo e fazia xixi na cama? Pois bem, se ele perguntar por si no Friends Reunited (um site onde é possível procurar antigos colegas de escola) é melhor tentar passar despercebido. Há forte probabilidade de que ele o queira cozinhar vivo para satisfazer o seu apetite sexual. 


Esta é a teoria de Robert K. Ressler, agente especial do FBI, que trabalhou em diversos casos envolvendo os mais conhecidos ‘serial killers’ de todo o Mundo e continua a emprestar o seu talento a várias organizações policiais do planeta. Bundy, Dahmer, Manson, Sutcliffe podem parecer um quarteto de jogadores de uma qualquer equipa da Primeira Liga inglesa, mas o mais certo seria passarem o jogo a desmembrar os adversários e a comer os seus pedacinhos. Estes são apenas quatro dos excêntricos assassinos em série aos quais Ressler tem dedicado a sua vida a estudar e a tentar compreender. Enquanto inventor do ‘serial killing’ (no bom sentido), Ressler investigou e resolveu alguns dos mais sangrentos casos de múltiplos homicídios da história recente. O seu trabalho tem servido de inspiração para várias série de sucesso, como os ‘Ficheiros Secretos’. Aos 68 anos, Ressler continua a apanhar os maus da fita.

Como se tornou no maior especialista em ‘serial killing’? 
Robert K. Ressler - Estive 16 anos no departamento de Ciência do Comportamento do FBI a analisar todos os aspectos do crime violento. Para além de agente especial, estudei criminologia, padrões de crimes, casos de ofensas sexuais e homicídios. Levou-me a tentar compreender e estudar este tipo de pessoas. 

- A sua experiência como Inteligente do Exército preparou-o para lidar com a violência extrema? 
 Talvez. Estive na Ásia, ia e vinha do Vietname antes de ser recrutado para o FBI. Mas esse era um tipo de trabalho diferente. Não é algo que aprecie particularmente.

 - Definiu o termo ‘serial killer’. Porquê e quando?
 Estava no Reino Unido, no início da década de 70, para uma palestra sobre criminosos em série. Percebi a relação com aquilo a que nos Estados Unidos chamamos de homicídios múltiplos, e em vez de utilizar o termo ‘séries’ introduzi o ‘serial’. Nessa altura, os media referiam-se a todos os homicídios múltiplos como assassínios em massa. Quis encontrar um termo que designasse este tipo específico de assassino. 

- Conheceu todos os maiores ‘serial killers’ dos últimos quarenta anos. Têm algo em comum? 
Bem, são obviamente pessoas disfuncionais. Tendem a ser mais inteligentes que o criminoso comum, bastante enigmáticos e com desenvoltura social para convencerem toda a gente de que são normais. Passei horas a conversar com o Charles Manson, as pessoas normais não são assim tão interessantes. 

- Achou algum deles verdadeiramente assustador? 
 Alguns foram bastante assustadores, sobretudo os mentalmente mais perturbados. Chamo-os de assassinos desorganizados, normalmente canibais e mais psicóticos. O Jeffrey Dahmer, que matou e canibalizou 18 rapazes, disse-me coisas muito chocantes de uma forma bastante normal. 

- Há alguma coisa nas suas infâncias que forneça pistas sobre o rumo que tomaram? 
 Sim, a maioria embarca em fantasias violentas em tenra idade. Destruição das coisas, veia incendiária, molhar a cama e tortura de animais. Todas elas revelam um padrão comportamental que pode conduzir a algo bem mais sério. 

- E se manifestarem apenas três em quatro? 
Não é exato, claro, não é assim tão simples. As fantasias violentas são o maior sinal. 

- Como difere a motivação para matar? 
Pode tratar-se de uma necessidade de controlo que lhes tem faltado. Por vezes, é uma verdadeira necessidade de estabelecer relações. Algumas das vítimas de Dahmer eram homens com quem tivera relacionamentos. Foi apenas quando se preparavam para o abandonar que ele actuou. Alguns deles guardam os corpos das vítimas como companhia, devido à sua solidão. 

- Passam a vida a pensar em matar pessoas? 
Depende, mas há com certeza alguns que ficam tão obcecados com a ideia de matar que perdem a capacidade de se concentrarem em outros aspectos da sua vida, como o trabalho e por aí fora. As fantasias e planos roubam-lhes o tempo todo. 

- É possível ser um dos melhores amigos de um ‘serial killer’ sem nunca o suspeitarmos? 
 Sim, claro. O Ted Bundy mantinha relações íntimas com várias mulheres a quem nunca fez mal. Um ‘serial killer’ não mata todos os que se atravessam no seu caminho, é selectivo. Depende do que anda à procura numa vítima. Muitos são casados e têm famílias quando são apanhados, como o assassino de Green River. 

- Que percentagem deles pensa que são capturados? 
Bem, existem casos ainda em aberto em todo o Mundo mas eventualmente os criminosos acabam por denunciar-se. A ideia de que podem escapar da captura eternamente não é correta. 

- Pode desenvolver essa ideia? 
 Por vezes, à medida que envelhecem, a sua hostilidade amaina. O BTK (serial killer do Kansas conhecido como ‘Blind Terror Kill’) foi apanhado muitos anos depois do seu último crime. Na generalidade dos casos, quando chegam aos 50, a sua hostilidade abrandou, mas a maioria são presos ou executados. 

- Devem ser mortos ou mantidos vivos para efeitos de investigação? 
 Não se pode aprender nada com um ‘serial killer’ morto. Por outro lado, custa cerca de um milhão de dólares por ano manter um ‘serial killer’ depois de lhe ter sido destinada a pena de morte – devido a todas as apelações, recursos e por aí fora, que se podem arrastar durante vinte anos. Entendo que matá-los é bom para as famílias das vítimas, mas certamente que não vai impedir outros ‘serial killers’ de satisfazerem as suas fantasias. 

- Podem chegar a ser reintegrados na sociedade? 
 Claro que não. Devem ser mantidos permanentemente afastados da sociedade. Não há cura para o ‘serial killing’. 

- Consegue identificar um assassino só de olhar para ele? 
 Não, essa é uma ideia do século XIX que não faz grande sentido nos dias que correm. 

- E o tal ‘olhar assassino’? 
 Também não faz sentido. 

- Esteve envolvido no caso do estripador de Yorkshire?
 Sim, encontrei-me informalmente com algumas pessoas envolvidas no caso e a minha opinião virou-se muito para o Peter Sutcliffe. Idade, raça, sexo, posição social. Para além disso, deram-me a ouvir uma cassete alegadamente do violador, em que ele gozava com a polícia. Escutei-a e estava certo que não era dele, o que acabou por ser provado.

 - Sei que é professor convidado da Universidade de Dundee. Eu sou de Dundee. Há muitos ‘serial killers’ por lá? 
 (risos). Não, acho que não há problema. Dei algumas conferências. É uma cidade encantadora, visitei-a várias vezes. Não me parece que tenha que lá voltar em investigação.

 - Consegue descrever o seu maior sucesso? 
 Provavelmente foi em Omaha, no Nebraska, onde andavam a matar jovens rapazes. Desenhei o perfil de um homem com menos de 21 anos a viver fora de casa. Apanharam um tipo de 20 anos a viver numa base da força aérea. Também tinha morto um miúdo em Portland, no Maine. Só matara três pessoas, mas era um jovem, e teria morto muitas mais se não o tivessem apanhado nessa altura. 

- Como é que resolveu o assassinato de mais de 100 mulheres no México? 
Foram todas mortas entre meados dos anos 90 até há um par de anos. A mídia e a população em geral estavam convencidos que se tratava apenas de um ‘serial killer’. Analisando os vários casos, descobri que resultavam de diferentes assassinos, algumas até associadas a gangs. Quando lá cheguei apercebi-me que a maioria das mortes ocorrera em carreiras de autocarros. No final, prenderam vários condutores e membros de grupos, acusados da maioria dos crimes. 

- E Colin Ireland, que estrangulou cinco homens em Londres no início dos anos 90? 
 Mais uma vez envolvi-me informalmente no caso. O meu palpite acertou em cheio e, juntamente com o trabalho da polícia britânica, ele foi apanhado. Depois de ser preso, o assassino disse à imprensa começou a matar por ter lido o meu livro. 

- Sente-se de alguma forma responsável? 
 Repare, se alguém enveredar pelo ‘serial killing’, é natural que faça comparações. Já aconteceu antes. 

- Também é especialista em negociar resgates. O que se deve fazer se alguém nos fizer reféns? 
 Manter a calma. Não confrontar ou ameaçar a pessoa. Tentar relembrar-lhe que é um ser humano mencionando a família ou outros entes. 

- Acredita na síndroma de Stockholm, em que algumas pessoas ficam tão presas a outras que decidem levá-las como reféns? 
 Sim, não tenho dúvidas acerca disso. É um princípio de sobrevivência e vulnerabilidade. Essas pessoas acreditam que a sua sobrevivência depende do refém, daí que se sintam muito próximos dele.

 - Consta que também se interessa por violência no local de trabalho. Do que se trata? 
 Baseia-se no mesmo princípio. Roça o comportamento psicótico, revela paranóia, depressão e até tendências suicidas. 

- O seu trabalho serviu de inspiração para ‘O Silêncio dos Inocentes’ e ‘Dragão Vermelho’. Teria apanhado o assassino? 
 Bem, esperaria que sim. Foram bem feitos, mas passaram um pouco dos limites. Utilizaram bem grande parte do meu trabalho, exceptuando a ideia de porem um cadete do FBI a conduzir o caso, o que nunca aconteceria. 

- E os ‘Ficheiros Secretos’, como se envolveu na série? 
 Fizeram uma adaptação bastante literal do meu livro. Onde quer que fosse, toda a gente me perguntava sobre os ficheiros secretos, onde é que o FBI os guardava e se já os tinha visto. Tornou-se um bocado aborrecido. O programa não passava de ficção e era bastante ridículo em algumas partes. 

- E o ‘Cracker’, também recorreram ao seu trabalho. 
 Sim, gostei. Claro que acharam que o protagonista tinha que beber muito, jogar muito e viver no limite, mas esse não é de todo o meu caso. Acho que não deixaria grande trabalho se vivesse dessa forma. 

- Finalmente, quem matou JFK? 
 Isso aconteceu antes de eu entrar no FBI. Vi algum material sobre o caso ao longo dos anos, mas não tenho resposta para lhe dar. E se tivesse, provavelmente seria confidencial. 

O TOP 5 DE ROBERT RESSLER 

TED BUNDY - Vítimas: 28 - Paradeiro: morto, executado. - Bundy, o mais galante dos ‘serial killers’, matava mulheres depois de conquistar a sua confiança com a sua lábia. - A análise de Ressler: “encantador”.

 JOHN WAYNE GACY - Vítimas: 33 - Paradeiro: morto, executado. - O ‘palhaço assassino’ era um homem de família que adorava entreter as crianças em festas. Também gostava de matar homens. - A análise de Ressler: “imprevisível”. 

JEFFREY DAHMER - Vítimas: 18 - Paradeiro: morto, assassinado na prisão. - No seu auge, Dahmer fazia uma vítima por semana. Descobria homens em bares gay, drogava-os, estrangulava-os, violava-os e desmembrava-os. - A análise de Ressler: “assustador”. 

PETER SUTCLIFFE - Vítimas: 13 - Paradeiro: vivo, na prisão. - O estripador de Yorkshire espalhou o terror no Reino Unido durante a década de 70. - A análise de Ressler: “mau”. 

CHARLES MANSON - Vítimas: 7 - Paradeiro: vivo, na prisão. - Liderou um gang de hippies na Califórnia, que em 1969 seguiram um impulso assassino segundo eles ordenado pelos Beatles. Ironicamente, parece-se com Ringo Starr. - A análise de Ressler: “envolvente”.

Quando: 21 de Janeiro 2007
Por:Neil Forsyth / Planet Syndication

2 comentários:

  1. Eu teria apenas uma pergunta para este especialista:
    Qual a sua opinião sobre o caso Mary Bell e o que acha dela estar livre?

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    Respostas
    1. Acho arriscado. Mas acredito que se o trabalho dos profissionais foi sério e ela foi bem avaliada; e ainda se no caso dela não tenha uma psicopatia envolvida acho que a decisão foi acertada. Nunca iremos saber de fato, a não ser que um dia venha à tona autos do processo em questão e avaliações/relatórios médicos e psiquiátricos.

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