Essa comunidade é o reduto das pessoas interessadas nessas duas especialidades da ciência criminal, que até então não tinham como discutir, trocar informações e novidades sobre a criminologia e psicologia forense.

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Serial Killers - Parte XI - Mitos Sobre Serial Killers Parte 6

#6: ELES SÃO TODOS BRANCOS Contrariando o mito popular, nem todos os serial killers são brancos. Serial killers existem em todos os gr...

segunda-feira, 18 de julho de 2016

ÚLTIMAS NOTÍCIAS - 10/07/2016 até 22/07/2016


18/07/2016


- Vítima de violência doméstica não é obrigada a participar de conciliação

Embora o novo Código de Processo Civil estimule soluções consensuais nas ações de família, não faz sentido obrigar que uma mulher encontre com o ex-companheiro se alega ser vítima de violência doméstica. Assim entendeu o desembargador José Carlos Ferreira Alves, da 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao cancelar audiência de conciliação fixada pelo juízo de primeiro grau em um processo de divórcio.

Ao agendar a audiência, o juiz declarou que o comparecimento era obrigatório, pessoalmente ou por meio de representante, e a ausência injustificada seria considerada ato atentatório à dignidade da Justiça, que poderia render multa de até 2% do valor da causa.

Já a Defensoria Pública alegou que as tentativas de conciliação não devem ocorrer em casos de violência doméstica, para evitar lesão a direitos fundamentais. “O fato de colocar as partes frente a frente revitimiza a mulher em situação de violência doméstica e familiar ou pode, até mesmo, colocar a mulher em risco, nos casos em que há perigo de que novas violências aconteçam”, afirmou a defensora Vanessa Chalegre França, que atuou no caso.

Ela disse que nem o novo CPC considerou a medida eficaz em casos de família, pois o artigo 165 determinou que a mediação será o caminho preferencial quando as partes já tenham vínculo anterior. “Verifica-se, portanto, que qualquer conciliação, por mais bem-intencionada que possa ser, violará os direitos da agravante, que não deseja manter contatos com o agravado, tão pouco ‘negociar’ ou ‘abrir concessões”, disse a defensora.

O relator do caso concordou com os argumentos. Segundo o desembargador, “o ideal buscado pelo novo Código de Processo Civil, no sentido de evitar litígios, prestigiando as conciliações, não pode se sobrepor aos princípios consagrados pela Constituição Federal, relativos à dignidade da pessoa humana e dele derivados”.

Alves concedeu efeito suspensivo à decisão que marcou a audiência, em decisão monocrática. O número do processo não foi divulgado, porque a ação tramita em segredo de Justiça. 

Com informações da Assessoria de Imprensa da Defensoria Pública.
Fonte; Revista Consultor Jurídico, 18 de julho de 2016, 19h47


- Justiça reduz jornada de mãe de oito crianças com transtornos psiquiátricos

Uma funcionária pública, mãe de oito crianças com transtornos psiquiátricos graves, teve seu pedido de diminuição de jornada de trabalho julgado procedente pela 8ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal. A decisão autorizou a redução de 20% na jornada, sem a necessidade de compensação de horas nem prejuízo salarial. A mulher é médica vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.

A defesa do DF alegou improcedência do pedido por ele não estar de acordo com a Lei Complementar 840/2011, que permite concessão de horário especial, desde que mediante compensação, e que a redução de sua carga horária, sem desconto salarial, implicaria em aumento de remuneração indevido.

O DF ainda sustentou que a fixação da jornada de trabalho do servidor público deve observar a conveniência e oportunidade da administração pública para que se preserve o interesse público.

O juiz da 8ª Vara, no entanto, entendeu que o caso da médica é uma exceção não prevista na legislação que regula os servidores do DF. Para ele, nesse caso, a redução do jornada não implica em aumento de salário da autora, mas garante a proteção aos seus filhos, portadores de deficiência.

“A hipótese delineada nesta ação é absolutamente peculiar, não apenas pelo fato de a autora ser mãe de oito crianças, mas, fundamentalmente, em razão de seus oito filhos apresentarem algum tipo de transtorno mental. Aplicar o direito ordinário a situações excepcionais equivale a promover o nivelamento de casos desiguais e, portanto, negar a própria realização da justiça.”, argumentou o juiz. Ainda cabe recurso. Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-DF.

Processo 2015.01.1.141211-5
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 18 de julho de 2016


14/07/2016

- Serviços de saúde mental nas prisões da Nova Zelândia recebem $14 mihões 
O Departamento de Correções é para receber US $ 14 milhões para ajudar a infratores com problemas de saúde mental.

O dinheiro será usado ao longo dos próximos dois anos para melhorar os serviços de saúde mental para os infratores que estão na prisão, e para aqueles que forem libertados.


Um estudo realizado pelo departamento de correções da NZ, constatou que 62% dos prisioneiros sofreram alguma forma de alteração na saúde mental ou transtorno de abuso de substâncias nos últimos 12 meses, e 20% ainda possuiam  essas perturbações. Esses distúrbios muitas vezes não são detectados ou não são tratados adequadamente.

O novo financiamento vai ajudar a contratar mais médicos, profissionais especializados em saúde mental e trabalhadores de apoio para trabalharem com criminosos que ainda estão na prisão; e com os criminosos que cumpriram pena e já se encontram inseridos na comunidade.

Esse dinheiro também será usado para a construção e melhoria de alojamentos que podem ser usados por alguns infratores, bem como para contratar mais assistentes sociais e conselheiros; além de um serviço de suporte para os prisioneiros e suas famílias que necessitem usar serviços relacionados à saúde mental.

A polícia também vai receber uma parte desse financiamento para melhorar a partilha de informação com relação à saúde mental dos infratores que já constam na base de dados, e daqueles que podem vir a ser incluídos.

Judith Collins, ministra do Departamento Correcional da Polícia disse que houve um "aumento significativo" em apoio aos ofensores que sofrem de doença mental.

"As necessidades dos infratores que sofrem de alguma alteração na saúde mental podem escalar rápida e tragicamente. Queremos dar à eles a ajuda de que necessitam logo no início, e assim reduzir a probabilidade de ferirem a si mesmos ou aqueles que vivem ao redor deles ", disse ela.

Link do artigo em inglês: http://www.radionz.co.nz/news/national/306352/mental-health-services-in-prison-get-$14m-boost


- Tribunal planeja programa de combate à reincidência no Piauí 

O Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI) realizou, na quarta-feira (13), a primeira reunião para implantar o projeto"Reconstruindo Vidas". Na ocasião, o presidente do TJ, desembargador Erivan Lopes, e o juiz da Vara de Execuções Penais, Vidal de Freitas, realizaram encontro com entidades parceiras da iniciativa, que busca reduzir a criminalidade e reincidência no sistema prisional no estado. “A ideia é criar e executar um programa que vai trabalhar com a reinserção social dos apenados que estão cumprindo pena no regime aberto ou em livramento condicional, não afetando a pena. Não se trata de benefício ao preso. Ele vai cumprir sua pena normalmente. Mas vamos auxiliar nesta inserção social com a ajuda de assistente social, psicólogo, capacitação, trabalho e no acompanhamento e auxílio às crianças e adolescentes filhos de presos, para evitar que elas entrem no mundo do crime e cooperando para que possam ter uma vida o mais normal possível”, detalhou o juiz Vidal de Freitas. 
Segundo o magistrado, foram convidadas como parceiras a Secretaria de Justiça, a Secretaria de Assistência Social e a Prefeitura de Teresina. A previsão é que um termo seja assinado, em agosto, com a presença do conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Norberto Campelo e, possivelmente, do presidente do CNJ, ministro Ricardo Lewandowski, para o início da execução do programa no estado.
Fonte: TJPI. 14/07/2016.



- Justiça disciplina uso de tornozeleira eletrônica em Santa Catarina

O presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, desembargador José Antônio Torres Marques, e o corregedor-geral da Justiça, desembargador Ricardo Orofino da Luz Fontes, assinaram na última quinta-feira (7) resolução que disciplina o monitoramento eletrônico de presos em Santa Catarina. No âmbito estadual, o uso do dispositivo será definido pelo magistrado da causa, e aplicável nas situações de prisão provisória domiciliar ou como medida cautelar diversa da prisão, exclusivamente nos casos de crime grave, reincidência ou para garantir o cumprimento de medida protetiva. Em uma primeira fase, serão disponibilizadas 150 tornozeleiras, adquiridas pelo Departamento de Administração Prisional (Deap), órgão ligado à Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania, com recursos do Fundo Penitenciário. Caberá ao Deap a administração, a execução e o controle do monitoramento dos presos, sem qualquer ingerência ou responsabilidade do Poder Judiciário. 

Fonte: TJSC. 14/07/2016.




12/07/2016

- Debatedores divergem sobre uso de castração química para punir estupradores

Audiência Pública debateu a possibilidade de a castração química ser oferecida como medida para redução de pena para detentos que cometam crime de estupro. Um projeto que permite ao condenado optar por castração química como remissão da pena (PL 6194/13) tramita na Câmara há três anos. Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados Carmen Zanotto: tema é delicado e precisa de mais estudos e de um debate maior O tema é polêmico e o debate realizado pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado teve opiniões divergentes tanto entre parlamentares quanto entre convidados. 

A castração química é uma forma temporária de castração ocasionada por medicamentos hormonais para reduzir a libido. Diferentemente da castração cirúrgica, a castração química não castra a pessoa definitivamente e também não é uma forma de esterilização. Mais debates Autora do requerimento para a realização da audiência, a deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) afirma que o tema é delicado e precisa de mais estudos e de um debate maior. "É uma matéria importante, nós não podemos vender a sensação de que o uso de uma substância química, que está sendo conhecida como a castração química, tem efeito para 100% dos detentos que a utilizarem.” 

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados Laura Carneiro: castração química é tratada como pena cruel pela Constituição, cláusula pétrea, que não pode ser alterada “Nós precisamos de muito mais estudos, nós não temos esse medicamento reconhecido no Brasil para este uso”, destacou a parlamentar. “Então, são vários fatores que nós precisamos, e com certeza absoluta na Comissão de Seguridade Social e Família, a gente vai aprimorar esse debate ainda mais." Pena cruel A deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ) comentou que a castração química é tratada como pena cruel pela Constituição. Laura Carneiro diz que o aumento da pena máxima, que atualmente é de trinta anos, poderia ser uma alternativa para dar maior rigidez à punição de crimes dessa natureza. "A Constituição não permite esse tipo de pena, pena cruel como se diz. Como você não pode dar pena cruel que isso é uma cláusula pétrea, você não pode alterar o texto constitucional, então não pode votar”, afirmou Laura. “De acordo com todos os pareceres que foram dados ao longo desses anos pela própria Casa, portanto essa matéria nunca será aprovada porque sempre terá o mesmo parecer”, ressaltou a deputada. 

“O máximo de pena são trinta anos, isso sim poderia ser alterado. Pode ser quarenta, depende da gravidade do crime." Psicologia e prisões Fernanda Falcomer, psicóloga do Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência de Brasília (PAV), comenta que a castração química não é o método mais indicado. Segundo ela, investir em tratamentos psicológicos e melhorar o sistema penitenciário traria resultados mais eficazes. "Só a castração química não resolve. É preciso de um acompanhamento multiprofissional, psiquiátrico e da psicologia do serviço social. Precisa investir em tratamento que comece dentro do sistema prisional. Então, a gente precisa investir na melhoria do sistema penitenciário brasileiro", destacou. Efeitos reversíveis Advogado especialista na área criminal, Robinson Neves Filho, diz que os efeitos colaterais da castração química são reversíveis após a interrupção do uso do medicamento. 

"Eu acho que isso deveria ir para o Código Penal, permitir que mesmo nos crimes de alto potencial ofensivo, como são esses crimes sexuais, seja possível à transação penal no sentido de oferecer para ele como pena essa medicamentação”, defendeu o advogado. “Para poder parecer mais razoável, mais forte a nossa punição, como ordenamento jurídico no sentido de que ele, ou você fica oito anos encarcerado ou você passa a usar oito anos esse medicamento. Está provado: o medicamento uma vez suspenso, reverte os efeitos", disse Robinson. Outros países A castração química como pena, já é aplicada em países como os Estados Unidos e Canadá. O debate terá seguimento na Comissão de Seguridade Social e Família, onde o projeto está sendo analisado. 
Fonte: Câmara dos Deputados. 12.07.2016.



10/07/2016

- Prisão errada, mas com justificativa, não dá indenização a quem foi detido 

Se a prisão em flagrante tem justificativa razoável, o Estado não deve indenizar quem foi detido erroneamente. Com esse entendimento, a 3ª Vara Federal de Pernambuco absolveu a União de pagar danos morais por ação da Polícia Federal por porte ilegal de armas. O autor da ação de responsabilidade civil foi detido em flagrante em fevereiro de 2013 por porte ilegal de armas. Ele alegou que a prisão ocorreu enquanto exercia atividades profissionais do cargo de assistente de segurança ferroviária, e que recebeu da empresa empregadora, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), arma, colete e fardamento para o exercício da sua função. Por esse motivo, entendia que sua prisão foi ilegal e que causou dano moral passível de indenização. 

Em contestação, a Advocacia-Geral da União afirmou que a prisão ocorreu no âmbito de uma operação que investigou denúncias de que funcionários da CBTU portavam armas de fogo sem autorização e apresentavam-se como policiais ferroviários federais. Ocorre que, apesar da previsão constitucional, não há regulamentação para o órgão da respectiva carreira. A AGU ressaltou, ainda, que a CBTU negou ter fornecido armas de fogos ou outros acessórios para os funcionários, e que todo o equipamento teria sido entregue pela Associação dos Policiais Ferroviários Federais, sem autorização da companhia. Na visão dos advogados da União, não há dúvidas de que, no momento da prisão em flagrante, os policiais federais tinham fundamento suficiente para determinar a prisão do autor. 

Além disso, de acordo com a AGU, “o autor não apontou qualquer ato arbitrário ou abuso de poder que teria sido praticado pelos agentes da Polícia Federal durante sua prisão em flagrante”. A 3ª Vara Federal de Pernambuco acolheu a defesa da União e julgou improcedente o pedido do autor, evidenciando a ilegalidade do porte de arma e a legalidade da prisão feita pela PF, ante a ausência de regulamentação do exercício da profissão de policial ferroviário federal.
Com informações da Assessoria de Imprensa da AGU. Processo 0801677-26.2016.4.05.8300 
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 10 de julho de 2016.


domingo, 17 de julho de 2016

1974 - O Ano em que nós começamos a entender os Serial Killers


Não há nenhum outro assunto que provoque reações tão adversas nos meus leitores como quando escrevo sobre Serial Killers. A resposta para a pergunta - “Porque nós somos tão fascinados por esses assassinos em série?” - vai depender da pessoa para quem você pergunta.

Dr. Scott Bonn (1), um professor de Criminologia da Universidade de Drew University diz, “Para os adultos, Serial Killers se assemelham àquilo que os monstros são para as crianças. É excitante – é estimulante ler e aprender sobre as suas “façanhas”, por mais que provoque medo.

Dr. Casey Jordan (2), uma criminóloga, analista comportamental e advogada, diz que nós somos cativados por histórias sobre Serial Killers porque “Nós gostaríamos de saber até que ponto eles são como nós.”

Gostaria de dar um passo adiante, e dizer que somos atraídos pelos detalhes sobre assassinos em série, porque nós queremos saber se um dia poderíamos chegar a um ponto de fazer o que eles fazem.

Eu leio muito sobre o tema há anos, e li ainda mais durante as minhas pesquisas para um especial sobre esse tema no meu blog; e descobri um conjunto intrigante de fatos que remontam há quatro décadas. Podemos dizer que são 40 anos de Medo.
Nos anos 70, os Estados Unidos experimentou um aumento assustador no número de Serial Killers ativos. Nessa década, de acordo com o Centro de Informações de Serial Killers( 3) da Universidade de Radford, havia 450 Serial Killers atuando individualmente. Ao longo da década anterior, esse número foi de 156 ativos.

O que causou essa disparada? Existiam muito mais predadores cruéis e dementes ao redor do país? Ou a aplicação da lei se tornou mais rigorosa e evoluiu na capacidade de identificar aqueles que matam diversas vezes?

Dois anos antes, o FBI permitiu que um agente especial visionário chamado Howard Teten (4) estabelecesse o que acabaria por se tornar a Unidade de Ciências Comportamentais. Teten concebeu uma abordagem analítica inovadora, agora conhecida como perfil psicológico criminal para tentar identificar os assassinos desconhecidos.

Seus agentes se dedicaram a estudar áreas pelo país com elevados números de assassinatos, e meticulosamente ligavam as similaridades encontradas entre os casos. Eles analisavam o estilo de vida, os atributos físicos e a localização de moradia das vítimas; o modo como os assassinos cometiam os assassinatos e como exatamente eles descartavam suas vítimas. 

Padrões surgiram. Descobriu-se que havia regiões do país nas quais mulheres com determinados biotipos eram constantemente dadas como desaparecidas. Alguns hospitais experienciavam um extraordinário número de mortes, até o momento, inexplicáveis. Corpos foram encontrados com padrões de feridas semelhantes e únicos. As vítimas haviam sido deixadas em posições provocantes, todas de maneiras semelhantes. Todas essas semelhanças foram reunidas como peças de um grande quebra-cabeças perturbador. Agentes começaram a conhecer o "como" e "onde" desses assassinatos múltiplos, mas não o "quem". Ainda não.

Apesar da data exata ser desconhecida, foi nessa época que a equipe do FBI começou a usar o termo “serial killer”, termo oposto àquele que eles usavam antigamente - “assassino sem motivação”.

Minha pesquisa também levou a uma revelação surpreendente: 1974 foi o ano em que alguns dos mais notórios e prolíficos assassinos iniciaram seu reino de sangue e terror.

Ted Bundy cometeu seu primeiro assassinato em Janeiro de 1974.

Dennis Rader (BTK-Bind-Torture-Kill) cometeu seu primeiro assassinato em Janeiro de 1974.

John Wayne Gacy matou a segunda das suas 34 vítimas em Janeiro de 1974.

Coral Eugene Watts assassinou a primeira das suas 90 vítimas em 1974.

Paul John Knowles foi um spree killer (5), matando 18 pessoas em 1974.


O que houve em 1974?

O agente especial aposentado do FBI Jim Clemente (6), trabalhou na Unidade de Análise Comportamental FBI (BAU) durante os seus 22 anos de carreira. Ele disse: “Na época da BAU, eu não tinha ideia do quão devastador seria o ano de 1974. Alguns dos mais brilhantes e prolíficos serial killers iniciariam suas destrutivas carreiras nesse momento; e hoje eu sei que esse início seria de décadas antes que todos eles pudessem ser levados à justiça”. 

Enquanto os agentes do FBI estavam montando as múltiplas peças desse quebra cabeça, o evasivo Bundy mataria mais de 36 pessoas ao longo dos próximos quatro anos. Dennis Rader matou até 1991. Gacy não seria pego até o final de 1978. Watts continuou a sua “farra de sangue” por mais de oito anos. Felizmente, Knowles estava em um caminho rápido de destruição. Sua compulsão assassina terminou após cinco meses, quando um policial atirou nele até a sua morte.

Certamente, sempre chegavam novas notícias sobre alguns desses assassinatos, e sobre pessoas desaparecidas que acabavam se tornando vítimas desse frenesi de assassinatos em série. Mas em 1974 a atenção da nação estava dispersa; a Guerra do Vietnã ainda estava acontecendo. 

Uma frenética corrida por armas nucleares em todo o mundo estava em andamento, após o Caso Watergate. Mesmo depois que a filha de multimilionário Randolph Hearst foi sequestrada, a maioria dos americanos não notou que a taxa de criminalidade do país estava em ascensão.

Mas o FBI sabia dos índices de assassinatos, e os agentes mantinham a informação em segredo, pois estavam preocupados em causar pânico na população. Também em 1974, os agentes estavam cientes de um maníaco homicida que estava atuando em São Francisco. Esse maníaco escrevia cartas criptografadas e com insultos para a polícia sob o apelido de “Zodíaco”. Além do Zodíaco, havia mais alguém raptando militares de licença no sul da Califórnia e despejando seus corpos desmembrados ao longo das principais rodovias da cidade.

O que restou ao olhar para trás na história é que, desde esse o pico de assassinatos em série nos anos 70 e 80 - (havia 603 serial killers identificados nos anos 80); os números têm diminuído a cada década desde então. Na década de 90, havia 498 assassinos em série, nos anos 2000 havia 275. Até agora, nesta década, existem apenas 67 assassinos em série ativos registrados sem um traço de dúvida no Site da Universidade de Radford (7). Esse resultado atual é um testemunho da perseverança do FBI, e de todos os policiais que estudaram e implantaram o revolucionário Protocolo de Perfis Criminais criado pelo Agente Especial Teten.

“Serial killers” pode ser um assunto que ainda desperta o fascínio de muitos de nós, porém esperamos com convicção de o número de serial killers atuantes possa diminuir cada dia mais.



Referências





(5) Spree killer é alguém que comete um ato assassino contra duas ou mais vítimas num curto período de tempo e em locais diferentes. O U.S. Bureau of Justice Statistics, órgão do departamento de Justiça dos Estados Unidos responsável por estatísticas criminais, define o ato de um spree killer como "assassinatos em dois ou mais locais com quase nenhuma pausa entre os crimes". ¹ De acordo como o FBI, a definição se aplica a dois ou mais assassinatos cometidos por um criminoso ou criminosos, com um período significativo entre as mortes; este período significativo de tempo marca a diferença entre um spree killer e um serial killer(assassino em série). ²

Esta categorização no entanto, nunca teve real valor para forças da lei devido a problemas relacionados ao conceito de "período significativo de tempo".² Outra distinção que os separados assassinos em série é que os assassinatos cometidos por estes são eventos claramente distintos, ocorridos em épocas diferentes, enquanto o ataque dos spree killers são definidos por um rápido incidente que provoca a morte de várias pessoas ao mesmo tempo.²

Spree killers são geralmente definidos como assassinos em massa No entanto, as duas categorias se diferem por serem manifestações distintas de um mesmo fenômeno psicológico².

¹ "No evidence of spree killer yet, police say" The Anderson Independent-Mail Charalambous, Nick, & Meryl Dillman (Anderson, South Carolina)

² Serial Murder — Multi-Disciplinary Perspectives for Investigators" - Morton, Robert J., & Mark A. Hilts (eds.) National Center for the Analysis of Violent Crime,Federal Bureau of Investigation




Autor: Tamara Arianne Gallo da Silva

sábado, 16 de julho de 2016

Caso da Semana: FRITZ HAARMANN - O Açougueiro de Hunnover PARTE I




Depois dos crimes cometidos durante a 1º Guerra Mundial que foi considerada um divisor de águas, o Século XX se tornou "a era dos crimes de sexo". Talvez previsivelmente, o país onde esse fato se tornou aparente foi na Alemanha, onde as misérias e as privações consequentes da hiperinflação e da escassez de alimentos no país tiveram o maior impacto. Hannover, um município elegante no centro da Baixa Saxonia, era uma das cidades mais afetadas e foi nesse momento decadente que Fritz Haarmann cometeu um dos mais extraordinários crimes em série de todos os tempos.

Em 17 de Maio de 1924, algumas crianças brincavam na beira de um rio próximo ao Castelo de Herrenhausen onden encontraram um esqueleto humano, e em 29 de Maio outro corpo foi encontrado às margens do mesmo rio. A cidade entrou em frenesi em 13 de Junho, quando mais esqueletos foram encontrados nos sedimentos do rio. Uma autópsia comprovou que os dois primeiros crânios encontrados seriam de jovens entre 18 e 20 anos de idade, e o último esqueleto encontrado era de um garoto de aproximadamente 12 anos. Em todos os casos, um instrumento afiado foi usado para separar os ossos do torso, e a carne havia sido inteiramente removida.


Pensou-se inicialmente que os restos humanos eram originados do Instituto Anatômico de Göttingen ou que tinham sido arremessados no rio por ladrões de túmulos que fugiam da polícia. No entanto, essas teorias não foram provadas e o mistério ganhou ainda mais publicidade quando meninos que brincavam em um pântano desenterraram um saco contendo ossos humanos.
Se tornou impossível para as autoridades manterem esses grotescos achados em segredo, e quando garotos jovens continuaram desaparecendo (o número em 1923 subiu para quase 600), a população local foi tomada pelo terror. A investigação constatou que a maioria desses desaparecidos tinham entre 14 e 18 anos de idade, e rumores circulavam de que carne humana estava sendo vendida no mercado público.


Em um Domingo ensolarado de 1924, centenas de pessoas deixaram Hannover e foram para atalhos de difícil acesso e pontes da cidade antiga, onde eles começaram a busca por restos humanos.  A amplitude dessa expedição foi um fato sem precedentes na história criminal da Alemanha, e foi estimulada principalmente pelos boatos sobre a existência de um "lobisomem" ou um "devorador de homens". Depois de milhares de ossos terem sido descobertos, o centro da cidade do Rio Leine foi condenado e inspecionado por policiais e trabalhadores municipais. Os achados foram horrendos. Mais de 500 partes de corpos foram encontrados, provando mais tarde serem restos de pelo menos 22 pessoas, com idades entre 15 e 20 anos. Aproximadamente metade desses ossos estiveram na água por algum tempo e as articulações dos ossos  "mais frescos" tinham cortes superficiais.
Esqueletos humanos encontrados no Rio Leiver
Cada ladrão e criminoso sexual de Hannover foi questionado, e através do árduo trabalho dos detetives e uma série de estranhas coincidências, um suspeito chamado Friedrich Haarmann (conhecido como Fritz) foi apreendido. O homem era conhecido pela polícia como um "comerciante" de roupas e carnes, bem como pela sua orientação sexual (homossexual). Sua aparência e seus maneirismos durante a época ultra conservadora da guerra na Alemanha, redefiniram a imagem convencional conhecida de assassinos e assassinatos.
Haarmann era aparentemente um homem muito simpático, um homem humilde e amigável, com uma expressão positiva e uma natureza cortês. De estatura média, ele tinha um rosto redondo e olhos alegres. Suas feições não eram marcantes e tão pouco atraentes quanto o resto de sua aparência, mas tinha um bigode castanho muito bem feito. A expressão de Fritz fechou-se completamente logo que a atmosfera se tornou embaraçosa, e os agentes da polícia logo perceberam que o suspeito era um homem de contraste profundo. Às vezes calado e calculista, outras falante e hiperativo, procurando desesperadamente  por simpatia e atenção. Suas brancas e suaves mãos moviam-se de maneira nervosa.

Enquanto o corpo de Haarmann era forte e grande, seu discurso foi ligeiramente feminino soando "como a voz queixosa de uma velha".  As reações defensivass quase constantes do assassino, bem como seu constrangimento foram refletidos em seus automatismos e estereótipos: seu corpo indo para frente e para trás, o lamber os lábios - até mesmo o piscar constante de seus olhos. Haarmann adorava passatempos "femininos" como panificação e culinária, mas fumava charutos fortes ao mesmo tempo. Apesar de aparentemente ser como a polícia Hannover declarou, "longe de ser ruim", Fritz Haarmann entrou no livro dos recordes como o assassino mais prolífico da Alemanha.

 
Combinação Mortal

Haarmann começou seu rompante assassino em Setembro de 1918, uma época na qual a Alemanha estava sofrendo privações econômicas e uma grave escassez de alimentos. Um fugitivo chamado Friedel Roth desapareceu da sua casa no dia 25, escrevendo para sua mãe apenas para dizer que ele não voltaria para casa até que "ela se tornasse boa novamente." Vários amigos do rapaz contribuíram com informações e eventualmente, levaram a polícia ao nº27 da Cellerstrasse, na casa de um homem que alegou ter seduzido Friedel. Um detetive surpreendeu Fritz Haarmann na cama com um rapaz muito novo e ele foi condenado a prisão de nove meses por seduzir o jovem. Inacreditavelmente, os quartos não foram revistados, e após interrogatório cinco anos depois, Haarmann confessou que a "cabeça do menino assassinado estava atrás do fogão embrulhado em jornal."

  

A história do assassino estava para sofrer uma reviravolta dramática no final de 1919, quando ele conheceu o jovem Hans Grans na estação ferroviária Hannover. Um ladrão medíocre, Hans tinha fugido de casa e agora ganhava a vida vendendo roupas velhas na estação. O rapaz se aproximou de Haarmann assumindo abertamente sua homossexualidade, com o propósito de prostituir-se por dinheiro. Notavelmente, uma amizade logo se desenvolveu e Grans começou a viver com o homem mais velho, onde um vínculo de "loucura e parasitismo espiritual se desenvolveu." O relacionamento era mais do que sexual e as idéias insanas que vieram à tona na consciência de Haarmann sempre envolviam seu jovem companheiro.

Evitando com muita cautela o cumprimento da sua sentença durante 1919, Haarmann cumpriu sua pena de Março até Dezembro de 1920. Grans roubou pela Alemanha durante este tempo, e após a reunião dos dois no Natal de 1920, seguiu-se um período de felicidade ininterrupta até agosto de 1921. Os dois ladrões apareceram bem vestidos como cavalheiros decentes, ganhando assim o respeito entre as pessoas locais. Porém, é desnecessário dizer que os dois homens tinham intenções ilícitas, e sustentaram um pequeno comércio com o que conseguiam mendigando ou com as roupas que roubavam e vendiam ao público.

No início de 1922 os dois homens se mudaram para o nº8 da Neuestrasse, no coração da tão chamada "área de caça".  Haarmann estava ganhando uma boa renda; o ladrão era amparado por pagamentos da segurança social (ele havia sido declarado como inválido, sendo portanto incapaz de trabalhar); e também pelo seu novo papel como um informante da polícia. Haarmann traiu todo mundo e se tornou um "guardião da lei e um gabinete de informações para todos os assuntos criminais." Surpreendentemente, com as roupas que Haarmann vestia em Hannover ele ganhou reputação de ser um benfeitor dos sem-teto. Sua homossexualidade óbvia abafava ainda mais quaisquer teorias que as pessoas poderiam ter quanto à origem das peças de seu vestuário. Tudo corria tão bem quando em Fevereiro de 1923, Haarmann retornou ao seu passado assassino.

O assassino deteve dois jovens na estação de Hannover sob o pretexto de ser um oficial inspecionando salas de espera. O rapaz menos atraente foi mandado embora e Fritz Franke acompanhou o falso oficial até em casa. Haarmann mais tarde alegou que Grans havia retornado inesperadamente enquanto o corpo de Franke ainda estava no quarto. Chocado, ele simplesmente encarou Haarmann e disse, "Quando eu devo voltar?"

Os assassinos ganharam ritmo e nos 9 meses que se seguiram, mais 12 jovens tiveram suas vidas tiradas. Em quase todos os cenários, a vítima era encontrada na estação onde recebia oferta de acomodação ou trabalho; ou então apreendida ao acreditar que o seu raptor era um oficial de polícia.


Essa desculpa era usada com tanta frequência que em uma ocasião, após um funcionário do bem estar da juventude perguntar à um guarda se Haarmann exercia a mesma função que ele, o guarda da estação respondeu: "Não, ele é um detetive." De acordo com Haarmann, logo que chegou a sua casa o menino foi morto, através de mordidas em sua traquéia. Visando sempre seus objetivos comerciais, o corpo seria então desmembrado; e tanto as roupas quanto a carne da vítima foram vendidas através dos canais habituais de mercadorias contrabandeadas. As porções inúteis eram jogadas no Rio Leine.

Quarto de HAARMANN


Um ano depois, quando os itens confiscados do assassino vieram a público, os familiares das vítimas descobriram uma riqueza de objetos pessoais dos seus entes queridos, muitos deles mantidos como suvenirs e o restante foram vendidos por Haarmann em meio a uma rede de distribuição impressionante. Em cada ocasião, havia normalmente uma série de testemunhas que tinham visto Haarmann (e muitas vezes Grans) abordando e saindo com estranhos. Mas tal era o respeito que os dois homens haviam conquistado, que nenhum incidente foi relatado, nunca. Em uma ocasião Haarmann ainda teve a audácia de responder a um anúncio no jornal oferecendo uma recompensa por informações. Ele apareceu na porta da família sob o disfarce de um criminólogo, mas disseram que ele passou a maior parte do tempo "rindo histericamente."



Os assassinatos continuaram incessantemente durante o início de 1924, com Haarmann usando sua afiada e notável habilidade de detectar jovens desiludidos e em prantos na estação, para em seguida levá-los casualmente noite adentro. Devido à natureza das vítimas, pais e amigos irritados ou afastados, muitas vezes levavam um tempo para relatar os desaparecimentos. Até isso acontecer, as roupas e a carne das vítimas eram rapidamente distribuídas em torno de Hannover, permanecendo praticamente indetectáveis. Sem essas provas concretas, a polícia estava em um beco sem saída; embora houvesse algumas chamadas. Em uma dessas ocasiões, uma porção de carne do comerciante foi levada para a polícia porque o comprador pensou que era carne humana. O analista da polícia inequivocamente declarou ser carne de porco!


O desaparecimento de Erich de Vries em 14 de Junho de 1924 sinalizou o fim do reinado de assassinatos. De maneira clássica, foi uma oferta de cigarros na Estação de Hannover que atraiu um jovem rapaz a se juntar à um amigável estranho em seu quarto. Foi estimado que nessa época 27 garotos haviam sido assassinados em menos de 16 meses: uma média de quase 2 por mês.

Apesar das grandes caçadas operando no momento, o assassino ainda não havia sido capturado e Hannover estava prestes a sucumbir devido ao clamor do público. No final de Junho de 1924 um puro terror tomou conta da cidade e o "Lobisomem" ainda estava solto.