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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Exploração Sexual na Terapia - Breves considerações



Eu estava recentemente lendo sobre Colin Bouwer, o infame psiquiatra da Nova Zelândia que foi condenado por envenenar lentamente sua esposa até a morte com insulina. Além do assassinato, o Dr. Bouwer teve alguns outros créditos dignos de um psicopata; ele era um mentiroso patológico, abusava de drogas prescritas, além de ser um manipulador habilidoso.
Ele foi acusado de manter relações sexuais com pelo menos duas de suas pacientes, que alegaram que durante o curso da terapia, Bouwer havia dito que já não mantinha relações conjugais com sua esposa há meses porque ela estava morrendo de câncer. Embora esse seja assunto evitado de ser comentado publicamente, o Dr. Bouwer  infelizmente não foi o único profissional da saúde que explorou sexualmente seus pacientes de terapia. Entre 7% e 12% dos profissionais de saúde mental (psiquiatras, assistentes sociais, psicólogos, etc.)  - 80% deles sendo do sexo masculino, reconhecem terem mantido algum tipo de contato erótico com um cliente.
Já que essas estatísticas são colhidas através dos relatos desses profissionais, podemos apostar com segurança de que o número real de casos existentes seja maior.
Apesar da terapia ocorrer em um ambiente privado e envolver compartilhamento de informações íntimas, a maioria dos profissionais de saúde mental nunca se aproveitará sexualmente de um paciente/cliente. No entanto, a condição psicológica vulnerável de um paciente pode ser um facilitador, pois fica inegável a existência de uma relação de poder desigual entre terapeuta-paciente. Por isso, que o sexo terapeuta-paciente é tratado como um ato criminoso semelhante ao estupro estatutário. Quer se trate de psicólogos, pacientes ou de alguém que se preocupe, é importante estar atento para reconhecer possíveis sinais emitidos pelos prováveis abusadores.
Que tipo de pessoa tem sexo com clientes?
Apesar de parecerem limitadas, as pesquisas feitas com vítimas e profissionais de saúde exploradores já nos dá uma ideia dos perfis da personalidade desses profissionais, sugerindo que eles se dividem em quatro grupos:
1- O grupo mais raro pertence ao profissional psicótico, cujas transgressões sexuais fazem parte do seu pensamento delirante ou desorganizado.
2- Também é raro encontrarmos um profissional que não está equipado psicologicamente para lidar com um cliente desafiador, e que gradualmente deixa seus limites de lado em uma tentativa equivocada de "salvá-lo" de um provável suicídio ou auto flagelação. Mesmo em casos clínicos desafiadores, o profissional pode recorrer às diversas alternativas amparadas pelo Código de Ética da sua profissão.3- O grupo mais comum pertence ao profissional que está isolado, no meio de uma crise pessoal, e se convence de que ele está apaixonado por seu cliente. Este profissional "apaixonado" tende a ser de meia-idade, estar separado ou estar passando por um divórcio. Sua "vítima" tende a ser feminina, entre 10 e 25 anos, mais nova e que muitas vezes possui uma histórico de abuso sexual. Cegado por suas próprias necessidades, o terapeuta abusivo racionaliza seu comportamento, introjetando que o sentimento/relacionamento é recíproco, minimizando os problemas que levaram o paciente ao consultório ou ignorando o dano causado por suas ações.4- O último grupo é o mais perigoso e provavelmente é o grupo no qual o Dr. Bouwer está inserido. Neste grupo, o profissional geralmente  tem um transtorno de personalidade narcisista / antissocial, e esconde as suas ambições predadoras por trás de uma atitude profissional. Eles são mais propensos a terem múltiplas vítimas, e a serem sádicos ou degradantes em sua exploração sexual. Curiosamente, a probabilidade dos colegas de trabalho reconhecerem esses "tipos" é maior. Um estudo canadense de 1997 que foi feito com um grupo graduado de psiquiatras, revelou que dois daqueles que foram eventualmente condenados por má conduta sexual, apresentaram alguma transtorno de personalidade identificado na época do treinamento.

A inclinação escorregadia para o sexoNa maioria das situações em que o paciente acaba sendo sexualmente explorado durante a terapia, existe uma certa "preparação" por parte do terapeuta; que começa a mudar o tom do relacionamento terapêutico que de certa forma é profissional, para um tom mais pessoal. O foco muda das necessidades do paciente para os desejos do terapeuta, e essa mudança geralmente se reflete em como o terapeuta interage com o cliente dentro e fora da clínica.Por exemplo, o terapeuta pode:

• Enviar mensagens de texto ou ligar para o paciente entre sessões• Reagendar as sessões em cima da hora, ou para o último horário• Estender as sessões de tratamento para um tempo bem maior do que foi combinado previamente
• Começar a falar sobre seus próprios problemas ou fantasias sexuais• Iniciar contatos mais próximos como abraçar o cliente, ou fazê-lo regularmente• Contar piadas ou histórias sexuais• Prestar atenção constante na aparência física do paciente• Incentivar a dependência do paciente, enfatizando o quão rico é o seu conhecimento clínico ou que possui um compromisso especial com esse paciente (nunca vou decepcioná-lo, sou o único que entende / pode ajudá-lo).• Discutir sua vida sexual (ou falta dela) com o paciente• Fornecer álcool durante as sessões• Dar presentes significativos• Fazer declarações românticas (você é tão especial, eu realmente amo você)
Muitos pacientes/vítimas de exploração sexual, dizem que se sentiam desconfortáveis ​​quando alguns desses comportamentos anteriores começaram, mas ficaram confusos e/ou inseguros se os seus "instintos" estavam certos ou não. Se existe algum tipo de alerta que esse artigo pode dar, é esse: Confie no seu instinto, pelo menos o suficiente para falar sobre isso com três pessoas - alguém que se preocupa com você, alguém cuja opinião você confia, e alguém que pode identificar o abuso do terapeuta.

Empatia deve ser a base da nossa profissão

Como alguém que está presente em ambos os lados do "divã", eu sei que uma terapia eficaz não só cura feridas, como também pode ajudar uma pessoa a crescer e tomar as rédeas da própria vida. No entanto, quando as necessidades do terapeuta prevalecem sobre as do paciente, especialmente quando se trata de sexo, os resultados podem ser devastadores. Nesses casos os problemas originais do paciente  não só deixam de serem abordados/tratados, como podem ser agravados por sentimentos de culpa, de desconfiança e de confusão emocional; além de contribuírem para futuras dificuldades de relacionamento.

Os Psicólogos/Psiquiatras são humanos. Nós teremos algum tipo de sentimento sobre os nossos pacientes, teremos as nossas próprias lutas diárias de vida; e sim, às vezes teremos nossos próprios conflitos relacionados à saúde mental para trabalhar. No entanto, os pacientes depositam  em nós uma grande confiança quando entram em nossos consultórios e abrem os seus corações. No mínimo, devemos trabalhar a nossa empatia, respeitar a ética e evitar causar alguma mal; mas se o fizermos precisamos ser devidamente responsabilizados por isso.
A Filosofia que norteia a Medicina, deve nortear a Psicologia e os seus profissionais também: Não causar mal - Do not harm.

Para mais informações sobre o caso apresentado pelo artigo, consulte:

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Dia 26 de Novembro na História : Condenação de Lynette Fromme

 - Lynette Alice "Squeaky" Fromme  ex- integrante da Família Manson, foi condenada em 26 de Novembro de 1975 por tentar assassinar Gerard Ford, presidente dos EUA na época.
 
Squeaky Fromme nasceu como Lynette Alice Fromme em Santa Monica, Califórnia, em 22 de outubro de 1948. Fromme era uma artista infantil,  a aos 10 anos já viajava com um grupo de dança. Após o ensino médio, Fromme mudou-se para Venice Beach, onde conheceu Charles Manson. Ela foi instantaneamente cativada por Manson, assim como todos os membros de sua "Família", e quando Manson a convidou para se juntar a ele para viajar pelo país, ela aceitou imediatamente.

A Família Manson

Quando eles voltaram de viagem, Fromme mudou-se para o Spahn Ranch com Manson e seus seguidores. Lá, ela cuidava de George Spahn de 80 anos, que a apelidou de Squeaky por causa do som que ela fazia quando ele a tocava.

Quando Manson e seus seguidores foram presos por vários assassinatos cometidos em agosto de 1969, Fromme evitou o escrutínio da polícia porque ela não estava presente em nenhum dos dois assassinatos. Em vez de sentar-se no tribunal com Manson, ela acampou fora do tribunal do condado de Los Angeles, onde Manson e seus seguidores estavam sendo julgados.

Depois que Manson foi condenado, ele foi sendo transferido para prisões diferentes, e com isso Fromme mudou de cidade várias vezes para estar "perto" dele. Sem relação com as atividades da família Manson, em novembro de 1972, Fromme e quatro outros foram presos depois que um casal foi encontrado assassinado e enterrado em uma floresta local. Os outros quatro confessaram, e Fromme foi solta.
 
Três anos depois, a sorte de Fromme acabaria quando apontou uma arma carregada para o presidente dos EUA Gerald Ford em Sacramento, onde ela morava havia três anos (17 dias depois, seria feita outra tentativa na vida da Ford). Ela foi julgada pela tentativa de assassinato e no dia 26 de Novembro de 1975, foi condenada à prisão perpétua. O julgamento terminou com Fromme jogando uma maçã na cara do advogado da promotoria, e arrancando seus óculos.

Em dezembro de 1987, Fromme escapou de uma prisão da Virgínia Ocidental na tentativa de se encontrar com Charles Manson, que ela ouviu ter câncer. Ela foi capturada e presa até 2008, quando foi concedida a sua liberdade condicional. Fromme foi solta um ano depois.