Essa comunidade é o reduto das pessoas interessadas nessas duas especialidades da ciência criminal, que até então não tinham como discutir, trocar informações e novidades sobre a criminologia e psicologia forense.

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Últimas Novidades! 15/12/2012 - 21/12/2012



17/12/2012

- Sistema de Garantia de Direitos: um aliado na proteção da infância
Constantemente falamos do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), mas, afinal, no que ele consiste? Concebido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o SGD representa a articulação e a integração de várias instâncias do poder público na aplicação de mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e do adolescente, nos níveis federal, estadual, distrital e municipal. Embora diversos órgãos e autoridades possuam atribuições específicas a desempenhar, o SGD lhes confere igual responsabilidade na apuração e integral solução dos problemas existentes, tanto no plano individual quanto no coletivo.

O SGD pressupõe o trabalho em rede das instituições e dos atores envolvidos na proteção da infância. É a atuação do SGD que materializa as políticas públicas, como direitos fundamentais, e atua diante da violação de direitos, realizando o controle social, por meio da sociedade civil, que contribui participando dos conselhos, executando políticas complementares, produzindo conhecimento e mobilizando a sociedade em geral.

“Com atuação em rede, as diversas instâncias do SGD compartilham aprendizados e congregam esforços para um objetivo comum”, diz Gorete Vasconcelos, coordenadora de Programas da Childhood Brasil.

Desafios
Na prática, o SGD não está integralmente institucionalizado e tem encontrado dificuldades para sua atuação e efetivação. Além do trabalho desarticulado, o sistema ainda precisa lidar com problemas com a capacitação de seus profissionais, o que pode acabar prejudicando a implementação de políticas públicas.

“É fundamental a realização de processos de formação continuada que articulem teoria e prática e que favoreçam um ambiente de aprendizagem, nos quais esses diversos atores possam refletir sobre sua prática e construir orientações que apoiem o trabalho em rede nas diversas localidades”, diz Gorete.

Alguns passos já têm sido dados nessa direção. A Childhood Brasil, por exemplo, implementa o Programa Proteção em Rede, no qual forma profissionais para atuarem no SGD. Além das aulas e encontros temáticos, são constituídos comitês gestores locais, compostos pelos atores municipais que assumem a responsabilidade de organizar e apoiar a implementação do Plano Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, além de assessorar o Conselho Municipal de Direitos e fortalecer a ação em rede.

“Esses comitês gestores se reúnem periodicamente e constroem, com apoio da Childhood Brasil, um sistema de monitoramento e avaliação de sua intervenção”, diz Gorete.

Segundo ela, os desafios para que o sistema possa atuar de forma mais eficiente e eficaz são de todos os envolvidos, desde os Conselhos Municipais e Estaduais, os Conselhos Tutelares e o Judiciário, até a sociedade civil de modo geral. “Todos precisam estar cientes e comprometidos com seus papeis, atuando com rapidez e de forma compartilhada para o cumprimento da lei”, afirma.

Conheça o fluxo das denúncias
Quando uma pessoa liga para o Disque Direitos Humanos, conhecido como Dique 100, a central de atendimento recebe a denúncia, registra e a encaminha diretamente para o Conselho Tutelar da região mais próxima à da origem do fato denunciado, com cópia para o Ministério Público da localidade para acompanhamento e monitoramento do caso. Quando o caso é de extrema gravidade, o Disque 100 aciona diretamente a polícia ou as autoridades para que sejam tomadas as devidas providências.

As denúncias podem ser feitas também nas delegacias especializadas em crimes contra crianças e adolescentes, que estão localizadas em várias cidades brasileiras ou nos Conselhos Tutelares, que são os órgãos públicos que têm como missão zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Caso não exista uma delegacia especializada em sua cidade, é possível procurar as delegacias comuns para encaminhamento de queixas e de denúncias.

Nas estradas, caso seja identificado algum caso de exploração sexual de crianças e adolescentes, é possível ligar para 191 para fazer a denúncia à Polícia Rodoviária Federal. Em casos emergenciais, acione a Política Militar, pelo 190, disponível 24 horas por dia.
Fonte: Childhood Brasil




- Impunidade favorece violência, diz Anistia Internacional
A Anistia Internacional divulgou um relatório em que analisa mais de 300 casos de defensores de direitos humanos sob ameaça em 13 países das Américas. O relatório aponta a impunidade como um dos principais problemas e mostra alguns casos no Brasil.

Entre os perfis de risco apontados estão ativistas LGBTI, migrantes, jornalistas e blogueiros, sindicalistas e pessoas que lutam contra a impunidade. Um dos pontos que chama a atenção é o número de mulheres defensoras de direitos humanos incluídas: elas são alvo de mais de um terço dos casos analisados.

Entre os casos analisados está o da juiza Patrícia Acioli, morta em agosto de 2011 por policiais militares em frente a sua casa. Há informações de que, na época em que foi morta, a juíza conduzia um inquérito sobre atividades criminosas dos policiais envolvidos em sua execução. Os acusados começaram a ser julgados no início de dezembro, sendo um dos envolvidos, o PM Sérgio Costa Júniorcondenado a 21 anos de prisão. Outros dez acusados aguardam julgamento do caso.

De acordo com o estudo, a impunidade favorece a violência contra os defensores. De todos os analisados pela Anistia Internacional nas Américas entre janeiro de 2010 e setembro de 2012, em apenas quatro os responsáveis pelas agressões foram punidos. O interesse econômico também está diretamente relacionado com a violência contra estas pessoas. De acordo com relatório, a maioria dos casos envolve conflitos por terras e outros recursos naturais.

Os principais tipos de agressão a que os defensores de direitos humanos estão sujeitos são: ameaças de morte, assassinatos, sequestros, desaparecimentos forçados. No caso das mulheres, a violência assume formas específicas, que incluem com frequência estupros e ameaças sexuais com o propósito de humilhá-las e controlá-las.

O documento traz ainda uma série de recomendações da Anistia Internacional aos governos como reconhecer publicamente relevância do trabalho dos defensores dos direitos humanos, investigar denúncias de ameaças contra eles e impedir acusações criminais ou de outra natureza contra defensoras e defensores dos direitos humanos, motivadas por seu trabalho

Veja abaixo os casos brasileiros citados no relatório:

1) Alexandre Anderson — Pescador e presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar (Ahomar), ele e sua mulher têm recebido constantes ameaças devido às denúncias que fazem sobre o impacto social e ambiental da instalação de um complexo petroquímico na região e em defesa da pesca artesanal.

2) Patrícia Acioli — Em 11 de agosto de 2011, a juíza Patrícia Acioli foi morta com 21 tiros disparados por policiais militares em frente a sua casa em Niterói. Onze policiais, entre os quais um comandante, estão sendo julgados por seu assassinato. Há informações de que, na época em que foi morta, a juíza conduzia um inquérito sobre atividades criminosas dos policiais envolvidos em sua execução.

3) Laísa Santos Sampaio — Mãe de oito filhos e professora, Laísa luta contra a destruição das florestas brasileiras. Ela faz parte do Grupo de Trabalhadoras Artesanais Extrativistas e já foi alvo de diversos ataques e ameaças de morte. Nos últimos dois anos, pelo menos 20 pessoas, entre as quais sua irmã e seu cunhado foram assassinados por seu ativismo contra a extração ilegal de madeira na região.

4) Josilmar Macário dos Santos — Sofre ameaças e intimidações e foi alvo de tentativa de assassinato desde que começou a investigar a morte de seu irmão que, segundo testemunhas, estava desarmado ao levar um tiro na nuca por policiais militares em abril de 2009. Só em maio de 2010, após pressão internacional, foi incluído no programa do governo federal e, ainda assim, sem proteção adequada.

5) Comunidades quilombolas e Comissão Pastoral da Terra — Em outubro de 2010, uma liderança da comunidade quilombola do Charco, no Maranhão, foi atingido por sete tiros na cabeça e mais de 20 pessoas receberam ameaças de morte. Eles lutam pelo reconhecimento oficial como uma comunidade quilombola e obtenção do direito sobre terras tradicionais. Em julho de 2011, o advogado Diogo Cabral e o padre Inaldo Serejo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram ameaçados de morte em uma audiência sobre disputa de terras entre fazendeiros e a comunidade quilombola de Salgado, no município de Pirapemas, no Maranhão. Com informações da Assessoria de Imprensa da Anistia Internacional.
Fonte: Revista Consultor Jurídico




- MJ orienta sobre repasse de verbas para presídios
O Ministério da Justiça publicou nesta segunda-feira (17/12), no Diário Oficial da União, os critérios e orientações para que os estados recebam recursos da União na construção de presídios. A Portaria 591/2012 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) estabelece que receberá projetos de instalação de presídios femininos e masculinos de estados que seguirem estritamente o que manda MJ.

A portaria é parte do Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional, segundo o qual a União repassará R$ 1,1 bilhão aos estados com o objetivo de reduzir o déficit carcerário. Lançado no fim de 2011, a iniciativa prevê que o repasse será feito em três anos para criar 42,5 mil vagas. Até novembro deste ano, o MJ já havia executado R$ 540 milhões do programa, metade em 2011 e metade em 2012.

O número, segundo o MJ, é o suficiente para zerar a falta de vagas em presídios femininos. Uma das prioridades do programa são as condições em que estão encarceradas as mulheres presas no país. A administração penitenciária é de responsabilidade dos governos estaduais, daí a necessidade do repasse.

Para participar do programa, conforme descreve a Portaria 591, os estados devem seguir “exatamente” o que manda o Ministério da Justiça. Tanto em questões financeiras e de destinação de gastos quando em questões arquitetônicas e até de contratação de pessoal. Para participar do programa, a autoridade de administração penitenciária deve comprovar a capacidade técnica e operacional.

Em junho de 2012, segundo dados do Depen, o Brasil tinha 550 mil pessoas encarceradas, das quais 508 mil estão sob custódia do Sistema Penitenciário Nacional, que reúne todas as administrações penitenciárias estaduais. Dessa parcela, 477 mil dos presos são homens e 31,5 mil são mulheres.

O mesmo levantamento mostrou que o país tem 309 mil vagas no Sistema Penitenciário Nacional. O déficit, portanto, é de 200 mil vagas. Contanto apenas as mulheres, o déficit é de 10 mil vagas. Em relação aos homens, faltam 190 mil.

Leia abaixo a Portaria 591 do Depen:

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL

PORTARIA 591, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2012

Estabelece procedimentos, critérios e prioridades para concessão de recursos financeiros voltados à execução de obras de construção de cadeias públicas, objeto do Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional, e dá outras providências.

O DIRETOR-GERAL DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL, no uso de suas atribuições legais, considerando a Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984; a Lei Complementar nº 79, de 07 de janeiro de 1994; o Decreto n.º 1.093, de 03 de março de 1994; o Decreto nº 6.170, de 25 de junho de 2007 e suas alterações; Portaria Interministerial MF/MPOG/CGU nº 507 de 24 de novembro de 2011 e suas alterações; Portaria MJ nº 458, de 12 de abril de 2011; Portaria Depen nº 233 de 6 de junho de 2012; as Resoluções nº 05, de 09 de maio de 2006, nº 01, de 29 de abril de 2008, ambas do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, aplicáveis no âmbito do Depen/MJ, bem como o disposto na Portaria Depen nº 522 de 22 de novembro de 2011, resolve:

Art. 1º Estabelecer as diretrizes gerais que nortearão a apresentação de propostas inerentes ao Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional destinadas à construção de cadeias públicas, exclusivamente por meio de Projetos-Referência do Depen/MJ.

Art. 2º O presente chamamento - 3ª Chamada, visa dar continuidade ao Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional, sob gestão do Departamento Penitenciário Nacional - Depen/MJ, que objetiva a redução do déficit carcerário e respectivo custo de vaga por meio de geração de vagas nos sistemas prisionais estaduais e do Distrito Federal, conforme regulamentação da Portaria Depen nº 522 de 22 de novembro de 2011, a qual recomenda-se a leitura para conhecimento das diretrizes deste Programa.

Art. 3º Serão consideradas para este chamamento as propostas que disponham sobre geração de vagas por meio de construção de cadeias públicas masculinas e femininas;

§1º Serão permitidos projetos de construção utilizando-se apenas e exclusivamente os projetos-referência do Depen/MJ, os quais serão doados pelo Departamento Penitenciário Nacional, em conformidade com a Portaria Depen nº 233 de 6 de junho de 2012.

§2º A execução da obra deverá obedecer fielmente os projetos arquitetônicos e complementares doados pelo Depen/MJ.

Art. 4º Para participação deste chamamento as Unidades Federativas proponentes deverão atender às seguintes condições:

I - O proponente deverá inserir na aba de anexos do SICONV, conforme modelo do Anexo III, declaração firmada pela autoridade responsável pela Administração Penitenciária interessada, asseverando deter capacidade técnica e operacional, por meio de equipe própria dedicada ou contratada, para obtenção da documentação exigida nesta Portaria, nos prazos fixados no anexo II ou por meio de outras comunicações oficiais expedidas por este Depen/MJ.

II - Constitui obrigação do proponente, providenciar e apresentar os seguintes documentos complementares:

a) junto ao Depen/MJ:

a.1) Estudo de sondagem geológica;

a.2) Levantamento planialtimétrico,

a.3) Projeto de terraplenagem,

a.4) Projeto de implantação.

b) junto a Caixa Econômica Federal:

b.1) projeto de fundação.

Art. 5º O Programa será financiado com recursos da União conforme descrito no Artigo 3º da Portaria Depen nº 522/2011.

Parágrafo Único. O Depen/MJ poderá, de acordo com a disponibilidade orçamentária existente, efetuar a descentralização dos recursos financeiros inerentes às propostas aprovadas, em 2013 e/ou 2014.

Art. 6º As propostas para a obtenção de financiamento com recursos do Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional deverão ser apresentadas exclusivamente pelo Poder Executivo da Unidade da Federação, por intermédio do órgão responsável pela administração penitenciária.

§1º As propostas enquadradas no disposto no artigo 3º desta Portaria, serão cadastradas no Portal de Convênios - SICONV, sob número de programa a ser divulgado até o dia 14 de janeiro de 2013.

§2º Após a inserção tempestiva da(s) proposta(s), o proponente anexará no Portal de Convênios os documentos assinalados com a palavra "SICONV" no Anexo I desta Portaria. Quanto aos itens 2.1 ao 2.4; 2.8 a 2.12; 2.27 e 2.29, tendo em vista a natureza sigilosa da matéria, estes deverão ser encaminhados por correspondência registrada ou entregues pessoalmente no Depen/MJ, impreterivelmente até a data limite informada no anexo II desta portaria denominado "dos Prazos".

§3º A análise das propostas pelo Depen/MJ obedecerá a ordem de chegada.

Art. 7º Para as propostas inerentes ao Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional, o Depen/MJ financiará, no máximo, R$ 30.000,00 (trinta mil reais) por vaga construída.

Parágrafo Único. O valor restante deverá ser complementado pelo proponente a título de contrapartida, devendo em todos os casos, ser observado o disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias vigente.

Art. 8º A formalização dos Contratos de Repasse deverá respeitar as normas contidas na Portaria Interministerial MP/MF/CGU nº 507, de 24 de novembro de 2011; na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000; no Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007; na Portaria MJ nº 458, de 12 de abril de 2011, bem como nas diretrizes contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano de 2013.

Art. 9º As propostas apresentadas intempestivamente ou sem a observância das formalidades legais e diretrizes desta Portaria, e em especial o cadastramento no Portal de Convênios - SICONV, não serão recepcionadas pelo Depen/MJ.

Art. 10 O Depen/MJ terá o prazo de até 20 (vinte) dias para analisar as propostas descritas no art. 3º desta Portaria, contados a partir da entrega da documentação mencionada no art. 6º, §2º, desta Portaria.

§1º Serão analisados os documentos exigidos no Anexo I desta Portaria relativos ao Depen/MJ e recepcionados os documentos elencados no art. 4º, inciso II, alínea "a", sendo que não haverá remessa de propostas à Caixa Econômica Federal enquanto toda a documentação não estiver de posse do Depen/MJ.

§2º O Depen/MJ não aprovará proposta(s) na falta de quaisquer documentos necessários a sua análise, conforme descrito no Anexo I desta Portaria.

Art. 11 A Caixa Econômica Federal terá o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para analisar as propostas, contados a partir da realização dos procedimentos no Portal de Convênios - SICONV e da entrega da documentação pelo Depen/MJ.

§1º Será de responsabilidade da Caixa Econômica Federal a aprovação final do Plano de Trabalho por meio de análise da documentação contida no Anexo I desta Portaria e adoção dos procedimentos para a formalização do contrato de repasse.

§2º Poderão ser realizadas reuniões intermediárias com os proponentes para a verificação da progressão da(s) proposta(s) por meio de videoconferências e/ou reuniões presenciais, conduzidas pela Caixa Econômica Federal e Depen/MJ, em datas oportunamente informadas.

Art. 12 No decorrer da fase de análise da(s) proposta(s) o proponente poderá ser comunicado pelo Depen/MJ e pela Caixa Econômica Federal sobre a necessidade de envio ou correção de documentos e/ou informações, devendo o atendimento ocorrer dentro dos prazos de análise descritos no Anexo II desta Portaria.

§1º O Depen/MJ e a Caixa Econômica Federal deverão inserir na aba de pareceres da proposta e plano de trabalho, no Portal de Convênios - SICONV, todas as comunicações de pendências emitidas ao proponente, conforme determinação da Portaria Interministerial MF/MPOG/CGU nº 507 de 24 de novembro de 2011.

§2º O descumprimento dos prazos para eventual complementação, correção de documentos e/ou informações, estabelecidos pelo Depen/MJ e pela Caixa Econômica Federal ensejará a finalização dos procedimentos de análise e, por conseguinte, o arquivamento da proposta.

Art. 13 A Unidade da Federação deverá concluir os procedimentos licitatórios com a adjudicação do certame em até 180 (cento e oitenta) dias após a assinatura do contrato de repasse, sob pena de cancelamento imediato deste, salvo comprovada justificativa a ser deferida pelo Depen/MJ.

Art. 14 A execução da obra deve obedecer ao cronograma físico-financeiro apresentado, cabendo à Caixa Econômica Federal o acompanhamento e as providências necessárias para o fiel cumprimento do objeto pactuado.

Art. 15 O proponente deverá obedecer fielmente os prazos descritos no anexo II desta Portaria.

Art. 16 A presente Portaria e os Anexos I, II e III que a integram estão disponíveis no sítio virtual do Departamento Penitenciário Nacional (http://portal.mj.gov.br/depen).

Art. 17 Os casos omissos ou de natureza específica serão resolvidos pelo Diretor-Geral do Depen/MJ. Art. 18 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

AUGUSTO EDUARDO DE SOUZA ROSSINI

Pedro Canário é repórter da revista Consultor Jurídico.
Fonte: Revista Consultor Jurídico









terça-feira, 11 de dezembro de 2012

RECOMENDAÇÕES DA SEMANA!

- LIVRO

When Children Kill Children: Penal Populism and Political Culture


Description 

This title examines the role of political culture and penal populism in the response to the subject of child-on-child homicide. 

Green explores the reasons underlying the vastly differing responses of the English and Norwegian criminal justice systems to the cases of James Bulger and Silje Redergard respectively. Whereas James Bulger's killers were subject to extreme press and public hostility, held in secure detention for nine months before being tried in an adversarial court, and served eight years in custody, Redergard's killers were shielded from public antagonism and carefully reintegrated into the local community. This book argues that English adversarial political culture creates far more incentives to politicize high-profile crimes than Norwegian consensus political culture. Drawing on a wealth of empirical research, Green suggests that the tendency for politicians to justify punitive responses to crime by invoking harsh public attitudes is based upon a flawed understanding of public opinion. 

In a compelling study, Green proposes a more deliberative response to crime is possible by making English culture less adversarial and by making informed public judgment more assessable. 

Features 
· Tackles penal populism and the media through the lens of two specific and controversial cases in a unique treatment of this subject 

· Takes an empirical, research-based approach 

· Proposes reform strategies for improving the adversarial nature of English political culture, in contrast to the more descriptive approaches of other texts dealing with the topic 


Autor: David A. Green

Páginas: 200 


About the Author(s) 
Dr. David A. Green is an Assistant Professor of Sociology at the John Jay College of Criminal Justice, City University of New York. He completed an MPhil in Criminology at the University Of Cambridge Institute Of Criminology in 2001 and was then awarded a Gates Cambridge Scholarship to pursue a PhD. Afterwards, he was Junior Research Fellow at Christ Church, Oxford and Research Associate at the University of Oxford Centre for Criminology.


- ARTIGOS






- Sobre o Caso Silje Redergaard



TENDÊNCIA A PSICOPATIA - INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

É importante explicar que psicopata não é sinônimo para homicida, pois, a maioria dos psicopatas nunca matou e jamais matará alguém, ou causará qualquer dano físico a quem quer que seja. E que a psicopatia deve ser analisada e tratada o quanto antes. 

Características de Psicopatas: superficialidade e eloqüência, egocentrismo e megalomania, ausência de sentimento de culpa, ausência de empatia, mentiras, trapaças e manipulação, pobreza de emoções, impulsividade, autocontrole deficiente, necessidade de excitação, falta de responsabilidade, problemas comportamentais precoces, comportamento transgressor no adulto.

Crianças com "Desvio de Conduta" ou "transtorno de Conduta",sofreram um afastamento dos padrões comportamentais socialmente aceitos. Este “desvio” pode ser remediado com a intervenção de familiares da criança e de especialistas na área da psicologia e/ou psiquiatria.O tratamento passa por tentar mudar o seu comportamento para que esta tenha a noção do que está agindo errado. Quanto mais velha for a criança mais difícil será o tratamento. Na adolescência, as probabilidades descem drasticamente. O tratamento consiste em alguns casos, não só numa terapia corretiva à base do contato social, mas também à base de tranquilizantes para reduzir a agressividade da criança.De acordo com Silva B. A., é possível que crianças tenham "Transtorno de Conduta" e sejam candidatos à psicopatia quando tornarem-se adultos. Por isso, é importante perceber o comportamento do seu filho para poder ajudá-lo corretamente.

"Podemos observar características de psicopatia desde a infância até a vida adulta. Vale ressaltar que o diagnóstico exato só pode ser firmado por especialistas no assunto", afirma a médica psiquiatra Ana Beatriz B. Silva, autora do livro "Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao Lado" (Fontanar, 2008). "Além do mais, deve se atentar para a frequência e a intensidade com as quais estas características se manifestam", explica. 

A postura dos pais diante desta percepção muitas vezes é negar o fato, e acreditar que é passageiro, com a idade a criança não agirá mais desta forma. Infelizmente, segundo a psiquiatria, a psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade e não uma fase de alterações comportamentais.
O transtorno apresenta formas e graus diversos de se manifestar e que somente os casos mais graves apresentam barreiras de convivência. Segundo o DSM-IV-TR a psicopatia tem um curso crônico, no entanto pode tornar-se menos evidente à medida que o indivíduo envelhece, particularmente a partir dos 40 anos de idade.É muito importante que os pais tenham conhecimento sobre o assunto e que passem a reconhecer a disfunção em seus filhos, dispensando o devido valor que o problema merece. Quando em grau leve e detectada precocemente, a psicopatia pode, em alguns casos, ser modulada através de uma educação mais rigorosa.
O ambiente familiar estruturado e com a vigilância constante de filhos certamente não evita a psicopatia, mas pode inibir uma manifestação grave. É importante ressaltar que as pessoas envolvidas na educação da criança devem ter muito empenho e amor para ser rígido quando a situação exigir, sem agressão física, que claro não resolve em nada, nenhuma situação.
Crianças e adolescentes com "Transtorno da Conduta" possuem padrão repetitivo de comportamento.

Algumas destas características de comportamento:

- Mentiras freqüentes (às vezes o tempo todo); 

- Crueldade com animais, coleguinhas, irmãos etc.;

- Condutas desafiadoras às figuras de autoridade (pais, professores etc.);

- Impulsividade e irresponsabilidade;

- Baixíssima tolerância à frustração com acessos de irritabilidade ou fúria quando são contrariados;

- Tendência a culpar os outros por seus erros cometidos;

- Preocupação excessiva com seus próprios interesses;

- Insensibilidade ou frieza emocional; 

- Ausência de culpa ou remorso;

- Falta de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios;

- Falta de constrangimento ou vergonha quando pegos mentindo ou em flagrante;

- Dificuldades em manter amizades;

- Permanência fora de casa até tarde da noite, mesmo com a proibição dos pais. Muitas vezes podem fugir e levar dias sem aparecer em casa;

- Faltas constantes na escola sem justificativas ou no trabalho (quando mais velhos);

- Violação às regras sociais que se constituem em atos de vandalismo como destruição de propriedades alheias ou danos ao patrimônio público;

- Participação em fraudes (falsificação de documentos), roubos ou assaltos;

- Sexualidade exacerbada;

- Introdução precoce no mundo das drogas ou do álcool;

- Nos casos mais graves, podem cometer homicídio.

As características acima mencionadas são apenas genéricas e o diagnóstico exato só pode ser dado por especialistas no assunto. Além disso, existe a intensidade, como já foi dito, o grau varia e isso somente um especialista para orientar de forma correta.
É comum que os pais se perguntem o que fizeram de errado na criação dos filhos, e aí a culpa bate por achar que falharam na educação que deram, e que não souberam impor limites. Não resta dúvida de que a educação, o ambiente familiar e social influenciam na formação da personalidade de um indivíduo e na maneira como ele se relaciona socialmente. Mas, esses fatores por si só não são capazes de transformar ninguém em um psicopata.

No entanto, algumas posturas que devem ser assumidas são:

Procure conhecer bem o seu filho. Estabeleça contato com todas as pessoas do convívio dele (professores, amigos, pais dos amigos etc.
É fundamental buscar ajuda profissional. Isto é válido tanto para se certificar do diagnóstico dessa criança quanto para que os pais recebam orientações de como devem agir.
Não permita que seu filho controle a situação. Regras e limites claros são necessários para evitar as condutas de manipulação, enganos e falta de respeito. Lembre-se que a criança apresenta um talento extraordinário em distorcer as regras estabelecidas e virar o jogo a seu favor. Nunca ceda, por mais que seja difícil e você se sinta mal por negar a criança ou ao jovem que sofre desse tipo de transtorno, se você fraquejar, certamente ele tomará conta da situação.

É importante se orientar, procurar ajuda para poder ajudar a criança/adolescente viver em harmonia com a sociedade. 

BIBLIOGRAFIA

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas: O psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro: Fontanar, 2008.

Caso Silje Redergard



Era 15 de Outubro de 1994, Beate Redergard estava em casa quando ouviu uma batida na porta. "Uma das crianças locais veio à porta e disse-me o que tinha acontecido, Ele disse que Silje foi encontrada morta na encosta onde foram trenó Eu não podia acreditar;.. Isso simplesmente não parece possível." 



Os pais da criança foram imediatamente levados para a Delegacia. A polícia suspeitava que o crime tinha motivação sexual já que Silje estava nua. Imediatamente policiais suspeitaram que algum membro da família pudesse estar envolvido. Mero engano, o desfecho do caso chocaria toda a Noruega. 



Investigação 
"Hoje, eu estou mais forte do que eu estava quando isso aconteceu. Hoje eu sou capaz de colocar as coisas em perspectiva. Eu tive a minha chance para lamentar", diz Beathe Redergard, a mãe de Silje, a menina que foi morto assim perto de sua casa, em um subúrbio de Trondheim, na Noruega

O menino que foi até a nossa casa tinha apenas oito anos de idade, por isso não sabia se ele estava dizendo a verdade. Fomos para onde ele disse que tinha acontecido e vimos um grupo de policiais. Nós estávamos parados e não podíamos chegar a Silje," a polícia, diz ela, tinha isolado a área. 

"Pediram-nos que nós fossemos para a delegacia, e então eles nos colocaram em um carro de polícia nos levaram. Fomos entrevistados. Parecia que o assassinato poderia ter algo a ver com abuso sexual, porque ela estava despida, de modo que a suspeita recaiu inicialmente sobre os membros mais próximos da família. Nós ficamos na delegacia de polícia por um longo tempo, mas depois fomos mandados para casa”. 

Redergard agora com 43 anos , e o padrasto do Silje, Jorgen Barlaup de 42, pensavam que os verdadeiros assassinos, seriam adultos. Mas no dia seguinte quando eles descobriram a verdade, ficaram chocados. 


Confissão 
“Fomos até a casa de uma das pessoas que tentou ressuscitar Silje, nós pensamos que deveríamos agradecer por tentar", diz Redergard. Barlaup explica o que aconteceu dentro da casa."A mulher nos disse que ela tinha feito muito para tentar salvar Silje. Eu estava sentado com seu filho no colo. Então, ela disse que ele e um outro rapaz que haviam feito isso." Eu olhava para o menino e perguntei ele: 'O que você fez?". 

Ele me olhou e disse: "Eu pulei nela e tirei sua roupa porque eu pensei que ela estava dormindo… Eu queria estrangulá-lo. Quando eu percebi que queria matá-lo fui embora.” Disse Redergard Barlaup, padrasto de Silje. 

Fomos imediatamente até a polícia para contar o que havia acontecido, a polícia já suspeitavam desses meninos, pois eles haviam sido vistos nas proximidades. Ambos tinham seis anos de idade. Terje Lund, o policial que conduziu a investigação, não tratou os meninos como ele fazia com outros suspeitos, "Eu trouxe alguns brinquedos comigo de casa e eu pedi aos pais para levarem alguns brinquedos para que pudéssemos tentar ganhar a confiança dos meninos jogando com eles." Depois de uma hora ele conseguiu ganhar a confiança dos meninos que foram oficialmente interrogados. Levou no máximo 15 minutos, até que os garotos confessaram o crime contra Silje. 

“Nós batemos nela até que ela parasse de chorar,” disse um deles para os policiais. 


O Assassinato 

Na tarde de 15 de Outubro de 1994 três crianças, uma menina de cinco, seis e dois anos de idade estavam brincando em um campo de futebol coberto de neve. Seus pais eram vizinhos que não se conhecem, mas as crianças tinham jogado juntos antes. Os três estavam fazendo "castelos de neve", até a diversão parou. Ninguém sabe por quê. Um desentendimento infantil? Birra, talvez? Fosse o que fosse que provocou essa reação nos meninos, simplesmente devastou uma família e toda uma comunidade. Em algum momento durante a brincadeira, os meninos começaram a dar socos e chutes nela, além de bater na menina com pedras. Em seguida eles tiraram sua roupa, fugiram e a deixaram para morrer na neve. 



Depois do Julgamento 


Os nomes das crianças assassinas nunca foram divulgados. Eles passaram os 8 anos seguintes em tratamento psiquiátrico e lentamente foram reintroduzidos na sociedade. Eles tem hoje 24 anos.

Na Noruega, os serviços de proteção infantil cuidam de crianças problemáticas até elas atingirem 18 anos. Ao completarem 18 anos, elas são consideradas adultas e têm a opção de cortar o relacionamento com o serviço ou manter contato até os 23 anos. Após isso eles podem optar por continuar frequentando serviços de apoio à adultos.

Aase Prytz Slettemoen, a assistente social responsável por supervisionar os meninos de oito anos após a morte Silje é clara sobre a política da Noruega de evitar a criminalização dos jovens. "Nós não acreditamos na prisão para jovens", diz ela, "por isso acho que se nós podemos ajudá-los de qualquer outra forma, é o que devemos fazer."

Claramente, foi tomado muito cuidado para garantir que os dois rapazes fossem protegidos e não punidos. Prytz Slettemoen está convencida de que não houve problemas graves."Nenhum deles se envolveu em violência ou atividades criminosas", diz ela.

Prytz Slettemoen não quis dizer se um dos meninos tinha tomado esse caminho. "Quando eles tem 18 anos, são adultos aos olhos da lei, então eles podem dizer: " Não, obrigado ", se eles não quiserem mais ajuda. Se eles dizem não aos 18, podemos perguntar-lhes de novo aos 19 se eles tem certeza. Eles nem sempre sabem o que é melhor pra eles quando estão com 18 anos. "

Nada se sabe sobre um dos meninos que mataram Silje, mas há evidências de que, apesar de intervenções por equipes de profissionais, o outro garoto - o que se sentou no colo do padrasto de Silje, continua lutando psicologicamente com as consequências de suas ações. Margareth Rosenvinge trabalha em uma agência de Trondheim Kirkens Bymisjon, uma missão ligada à igreja da Noruega.

Rosenvinge diz que o menino tem vindo à missão a cerca de um ano "Estou em contato com ele praticamente todos os dias", diz ela. "Ele não tem uma casa. Ele permanece com os amigos ou, por vezes, nas ruas com outros usuários de drogas. Ele vai dormir uma noite aqui, uma noite lá. Às vezes ele dorme na igreja".

Como é que ela sabe sobre a sua vida? "Eu só sei que ele está envolvido com os serviços de proteção à criança e que ele teve experiências traumáticas quando criança", diz ela. "Ele está se automedicando, usando álcool, comprimidos e anfetaminas. Sua vida é muito difícil, e as drogas fazem com que ele relaxe. Não há nenhuma alegria em sua vida ... Ele ainda é jovem, mas ele não tem vida. Ele está literalmente vivendo em um pesadelo. "

Será que ele nunca causou problemas na missão? "Ele é muito reservado", diz ela, "um menino muito bom e calmo. Ele parece cuidadoso e tímido. Ele nunca causa problemas. Muitos dos convidados aqui na missão da Igreja vivem com as drogas. Eles podem ser um grande desafio, mas ele nunca causou problemas ".


Algumas Considerações

O caso de Silje Redergard é muitas vezes comparado ao de James Bulger, que foi espancado, torturado e morto por Robert Thompson e Jon Venables depois de ser levado de um shopping center em Bootle, Liverpool, 20 meses antes.

Houve diferenças significativas, é claro. Os assassinos de James eram quatro anos mais velho que os garotos que mataram Silje,

As três crianças norueguesas se conheciam e estavam brincando, enquanto Thompson e Venables eram estrangeiros que roubaram de sua mãe. E em Trondheim, não havia imagem CCTV.

Mas talvez a diferença mais significativa foi a de que, na Grã-Bretanha, as autoridades decidiram deixar na mão do juiz a questão da condenação, Ta opinião pública tentou fazer com que Thompson e Venables fossem julgados como adultos, além de liberar seus nomes desencadeando uma comoção nacional que dura até hoje.

Já no caso de Silje não foi assim: "No início, houve uma atmosfera de linchamento [na cidade]", diz a mãe."Todo mundo queria saber quem tinha feito aquilo. Assim que souberam que foram esses meninos que tinham feito isso, a vontade de linchamento." Beathe Redergard diz que ela "se sentiu mal" pelos meninos, mesmo no meio de sua dor, porque eles eram "apenas crianças pequenas".

Todos concordaram que havia algum problema psicológico envolvido; houve relatos de que um dos rapazes tinha sido abusado sexualmente antes do ataque. Ninguém disse que os garotos eram maus. Nemforam marcados criminalmente - e nem teriam sido, mesmo que tivesse sido a mesma idade de Thompson e Venables, que tinham 10 anos quando mataram James. Na Noruega, a idade de responsabilidade criminal é de 15 anos.

A morte de uma criança nas mãos de outras crianças é rara, e de interesse nacional enorme onde quer que ocorra. Em Trondheim, terceira maior cidade da Noruega, 500 km ao noroeste de Oslo, haviam apenas dois assassinatos nos últimos seis anos. O que aconteceu com Silje Redergard poderia ter sido o evento de notícias da década. Mas em contraste com a fúria vingativa da imprensa popular no Reino Unido para com os assassinos Bulger, não havia relato sensacionalista na imprensa norueguesa.

No dia seguinte após a descoberta do corpo de Silje, não havia fotos ou descrições dela em jornais noruegueses, nem o seu nome. Os nomes dos meninos, também, nunca foram revelados ao público - e seu anonimato foi protegido e respeitado até hoje, apesar de muitas pessoas (incluindo os pais de Silje) saberem quem são.

Harry Tiller, o jornalista que cobriu a história para o Adresseavisen, jornal de maior venda de Trondheim, explica o por que. "Na comunidade local, todo mundo sabia quem eram esses meninos. Essa foi a grande diferença entre a Noruega e Inglaterra, e o motivo pelo qual os nomes nunca foram mencionados [na imprensa]”.

Os profissionais envolvidos no caso se esforçaram para acalmar a comunidade local. Nos dias após o assassinato, foram convocadas reuniões na escola local para pais e filhos, que foram atendidos por policiais e psicólogos. A informação foi divulgada rapidamente, e o apoio profissional foi oferecido imediatamente. Os esforços para conter a tragédia eram enormes.

O impacto sobre Redergard e sua família tem sido enorme. "Não muito tempo depois do ocorrido nos mudamos para outra parte da cidade ... basicamente para o outro lado da cidade. Era um pouco demais para nós ficarmos no mesmo lugar. Caso ficássemos lá, nos arriscaríamos a encontrar os assassinos de Silje. Agora, estamos separados deles pelo E6. " O jeito que ela fala sobre o E6, uma rodovia, traz à mente uma espécie de fosso, uma barreira intransponível que irá manter o passado no passado. Redergard teve outro filho, Thomas, que completará cinco anos, nasceu há mais de uma década após o assassinato do Silje.

Mas nada poderia proteger o irmão mais velho de Silje e a irmã do impacto de sua morte. "Meus filhos tiveram seus próprios problemas psicológicos, porque eles perderam a sua irmã", diz Redergard. "Meu filho tinha dois anos de idade quando isso aconteceu. Agora ele tem 17 anos e ele ainda acha difícil. Minha filha mais velha, que era velha o suficiente para entender o que aconteceu -. ela precisou de muita ajuda. Ela e Silje eram realmente próximas, era quase como se fossem uma só pessoa... Era como se ela perdesse metade de si mesma.

"Você sabe, quando Silje saiu pela porta naquele dia, ela nos disse que ela nos amou. Essa foi a última coisa que ela nos disse: 'Eu te amo'. Foi estranho. Ela geralmente nos dizia isso quando estava indo para a cama, mas não quando ela estava saindo para brincar. É como estivesse predestinado. "

Que família Silje continua a sentir a dor de sua perda tão profundamente após todos estes anos, não é surpresa. Que o rapaz que a matou deve ter as cicatrizes, apesar dos esforços para ajudá-lo também é de se esperar, talvez. Mas o que é estranho - pelo menos aos olhos britânicos - é que o povo da Noruega parece ter perdoado e esquecido. O debate foi feito e as pessoas aprenderam o que puderam. Na Grã-Bretanha, o clamor sobre o caso Bulger ainda está pegando fogo, com multidões pedindo o sangue de Venables.

Quando questionada sobre a resposta a sua tragédia na Noruega comparada com a forma como o Reino Unido respondeu à tragédia deles, Redergard é surpreendentemente: "O sistema que temos na Noruega ainda é o melhor", diz ela.

Não passa um dia em que não pense sobre ela, diz Barlaup (o padastro). E o que eles pensam dos dois meninos que a mataram? "Nós o perdoamos por serem crianças", diz ele, "mas nunca vou perdoá-los pelo que fizeram, se isso faz algum sentido ... Se entrássemos nessa de odiar crianças, não seríamos capazes de amar os nossos próprios filhos, e nos lembramos do melhor de apesar de sabermos que Silje não entrará pela porta. "

A “simpatia” dos Redergard pelos assassinos de sua filha tem diminuído ao longo dos anos. "Foi realmente difícil quando isso aconteceu, o fato de que eles eram apenas crianças -... Era difícil entender que crianças pequenas poderiam fazer algo assim]; mas se hoje eu encontrar um deles na cidade e ele nos dizer: 'Eu sinto muito, sinto muito ", não vai ajudar”.






VOCÊ PODE CHAMAR UMA CRIANÇA DE 9 ANOS DE IDADE DE PSICOPATA?

Obs: Artigo publicado originalmente no jornal New York Times, traduzido para este blog na íntegra.

Michael de 9 anos de idade, que apresenta períodos de raiva alternados com momentos de distanciamento e frieza, com a sua mãe, Anne.

No verão passado, Anne e seu marido Miguel, levaram seu filho de 9 anos de idade, Michael, para uma escola primária da Flórida para o primeiro dia daquilo que a família escolheu para chamar de "acampamento de verão". Durante anos, Anne e Miguel têm se esforçado para compreender o seu filho mais velho, um rapaz bonito, de bochechas rosadas, olhos arregalados e encaracolados cabelos castanhos claro, cujo humor alterna com momentos de frieza e distanciamento. O programa de oito semanas para o qual Michael foi levado, é na realidade, resultado um estudo psicológico altamente estruturado - um acampamento de verão como um último recurso.


No verão passado, Anne e seu marido Miguel, levaram seu filho de 9 anos de idade, Michael, para uma escola primária da Flórida para o primeiro dia daquilo que a família escolheu para chamar de "acampamento de verão". Durante anos, Anne e Miguel têm se esforçado para compreender o seu filho mais velho, um rapaz bonito, de bochechas rosadas, olhos arregalados e encaracolados cabelos castanhos claro, cujo humor alterna com momentos de frieza e distanciamento. O programa de oito semanas para o qual Michael foi levado, é na realidade, resultado um estudo psicológico altamente estruturado  - um acampamento de verão como um  último recurso.



Os problemas de Michael começaram de acordo com sua mãe, por volta dos 3 anos de idade, pouco depois que seu irmão Allan nasceu. Na época, ela disse que Michael na maior parte do tempo apenas agia "como um moleque", mas seu comportamento logo evoluiu para birras durante a qual ele gritava de maneira incansável. Estes não foram ataques infantis comuns. Não era apenas 'Eu estou cansado" ou "estou frustrado" -  porque as crianças normais fazem essas coisas ", Anne lembrou. Seu comportamento era realmente atípico. E isso acontecia por horas e horas todos os dias, não importa o que nós fizéssemos. "Há alguns anos, Michael gritava cada vez que seus pais lhe diziam para colocar seus sapatos ou executar outras tarefas comuns, como levar um de seus brinquedos para o quarto. "Ir a algum lugar, ficar em algum lugar - qualquer coisa seria deixá-lo fora de si", disse Miguel. Esses ataques de fúrias duraram muito além da primeira infância. Aos 8 anos, Michael ainda tinha ataques de fúria quando Anne ou Miguel tentavam levá-lo para a escola, perfurando a parede e chutando a porta. Deixado sem vigilância, ele iria cortar as calças com uma tesoura ou metodicamente arrancar seu cabelo. Ele também descarregava a sua raiva batendo cadeira no chão até ela quebrar.

Quando Anne e Miguel levaram Michael para ver um terapeuta pela primeira vez, ele recebeu um diagnóstico de "síndrome do primogênito": agia fora, porque ele se ofendeu com sua nova irmã. Embora os pais reconhecessem que Michael era profundamente hostil ao novo bebê, a rivalidade entre irmãos não parece suficiente para explicar o seu constante comportamento extremo.



Até o momento em que ele fez 5 anos, Michael desenvolveu uma incrível capacidade de mudar a sua raiva explosiva para momentos de pura racionalidade ou charme calculado - um mecanismo que Anne descreve como profundamente inquietante. "Você nunca sabe quando você vai ver uma emoção boa", disse ela. Ela lembrou do momento em que na lição de casa, Michael gritou e chorou quando ela tentou argumentar com ele. "Eu disse: 'Michael, lembre-se do que fizemos ontem, portanto podemos evitar todo esse drama hoje! "Ele parou, no meio da gritaria, virou-se para mim e disse com uma voz alta e adulta, 'Bem, você não achou que passaria por isso claramente, achou?'
Anne e Miguel vivem em uma pequena cidade costeira ao sul de Miami, o tipo de lugar onde as crianças andam de bicicleta em acentos bem conservado . (Para proteger a privacidade dos sujeitos, apenas o primeiro nome ou o nome do meio serão utilizados.) Na manhã em que eu os conheci estava nublada e quente. Sentado em um sofá na sala de estar da família, Anne bebeu uma Coca-Cola, enquanto seus dois filhos mais novos – Allan de 6 anos, e Jake de 2 anos - jogavam no tapete. Até agora, segundo ela, nenhum dos meninos mais novos apresentaram problemas como Michael.

"Temos estantes cheias desses livros -" The Defiant Criança - A Criança Explosiva ", ela me disse. "Todos estes livros, com estratégias diferentes, e nós os analisamos, e às vezes eles parecem funcionar por alguns dias, mas depois ele vai sai dos trilhos e volta a ser como era." Professora em uma escola com licenciatura em psicologia infantil, Anne admitiu sua frustração, apesar de sua formação. "Nós nos sentimos como se estivéssemos sem controle ", disse ela. "Somos nós? É ele? Ambos? Todos esses médicos e toda essa tecnologia, mas ninguém foi capaz de nos dizer: 'Este é o problema, e é isso que você precisa fazer. "

Um desenho feito por Michael ano passado

Aos 37 anos, Anne é volúvel e franca. Ela recentemente começou a gerenciar um caminhão de alimentos, e no dia em que nos encontramos, ela estava na Flórida para um negócio mufti: um fone de ouvido Bluetooth e iPhone, shorts jeans e uma regata verde fluorescente estampada com o nome de seu negócio. Miguel é mais reservado. Um ex-piloto comercial, que agora trabalha como agente imobiliário; muitas vezes ele agiu como mediador da família, negociando momentos tensos com a calma de um homem que caiu de um avião em meio a tempestade. 



"No início, eu pensei que era nós", disse Miguel, com seus dois filhos mais novos jogando em voz alta com um carrinho de brinquedo. "Mas Michael desafia a lógica. Você faz as coisas de acordo com o livro, e ele ainda está fora do limite. Nós ficamos tão cansados de lutar com ele em público que realmente acabamos com a nossa vida social." 

Ao longo dos últimos seis anos, os pais de Michael o levaram a oito terapeutas diferentes e receberam um número crescente de diagnósticos. "Nós tivemos muitas pessoas nos dizendo tantas coisas diferentes", disse Anne. "Ah, é A.D.D. - Oh, não é. É depressão - ou não é. Você poderia abrir o DSM e apontam para uma coisa aleatória, e as chances são de que ele tenha todos os elementos. Ele tem características de O.C.D. Ele tem características de desordem de integração sensorial. Ninguém sabe qual é a característica predominante a ser tratada, que é a parte frustrante". 

Então, na primavera passada, o psicólogo de Michael indicou aos seus pais Dan Waschbusch, um pesquisador da Universidade Internacional da Flórida. Após uma bateria de avaliações, Anne e Miguel foram apresentados a outro diagnóstico possível: seu filho Michael pode ser um psicopata. 

Nos últimos 10 anos, Waschbusch vem estudando crianças “insensíveis - sem emoção” - aquelas que apresentam uma distintiva falta de remorso, afeto, ou empatia - e que são consideradas em risco de se tornarem psicopatas quando adultos. Para avaliar Michael, Waschbusch usou uma combinação de exames psicológicos e de professores- e classificação de escalas da família, incluindo o Inventário de Traços de Insensibilidade- Falta de emoção, a Escala de psicopatia Infantil e uma versão modificada do Dispositivo de processos de seleção Antissocial - todas as ferramentas para medir a frieza, a conduta predatória mais associada com a psicopatia adulta. (Os termos "sociopata" e "psicopata" são essencialmente idênticas.) Um assistente de pesquisa entrevistou os pais de Michael e os professores sobre o seu comportamento em casa e na escola. Quando todos os exames e relatórios foram tabulados, Michael tinha quase dois desvios-padrão fora da faixa normal para comportamento insensível - sem emoção, o que o colocou no espectro grave. 

Atualmente, não existe um teste padrão para psicopatia em crianças, mas um número crescente de psicólogos acreditam que a psicopatia, assim como o autismo, é uma condição neurológica distinta - que pode ser identificada em crianças tão novas quanto 5 anos. Crucial para este diagnóstico são os traços insensível – sem emoção, no qual a maioria dos pesquisadores agora acreditam distinguir "psicopatas incipientes" de crianças com transtorno de conduta comum, que também são impulsivos e difíceis de controlar e apresentam um comportamento hostil ou violento. Segundo alguns estudos, cerca de um terço das crianças com graves problemas de comportamento - como a desobediência agressiva exibida por Michael - também estão acima do normal em traços insensível –sem emoção. (Narcisismo e impulsividade, que fazem parte dos critérios de diagnóstico adultos, são de difícil aplicação para as crianças, que são narcisistas e impulsivos por natureza). 

Em algumas crianças, os traços se manifestam de maneiras óbvias. Paul Frick, um psicólogo da Universidade de Nova Orleans, que estudou os fatores de risco para a psicopatia em crianças em duas décadas, descreveu um menino que usou uma faca para cortar o rabo do gato da família pouco a pouco, ao longo de um período de semanas. O menino estava orgulhoso das amputações em série, que seus pais inicialmente não perceberam. "Quando nós conversamos sobre isso, ele foi muito honesto", lembra Frick. "Ele disse: 'Eu quero ser um cientista, e eu estava experimentando. Eu queria ver como o gato iria reagir." 

Em outro caso famoso, um menino de 9 anos de idade, chamado Jeffrey Bailey empurrou uma criança para o fundo de uma piscina de um motel, na Flórida. Enquanto o menino lutava e afundava, Bailey puxou uma cadeira para assistir. Questionado pela polícia depois, Bailey explicou que ele estava curioso para ver alguém se afogar. Quando ele foi levado em custódia, ele pareceu tranqüilo com a possibilidade de prisão, mas teve a satisfação de ser o centro das atenções.


Em muitas crianças, no entanto, os sinais são mais sutis. Os traços Insensível - sem emoção em crianças tendem a ser altamente manipuladas, nota Frick. Eles fazem isso com frequência - não apenas para evitarem a punição, como todas as crianças, mas por qualquer motivo, ou nenhum. "Na maioria das crianças, se você pegá-los roubando um biscoito de um pote antes do jantar, eles vão olhar com culpa", diz Frick. "Eles querem o biscoito, mas eles também se sentem mal. Mesmo as crianças com TDAH grave: eles podem ter um controle fraco dos impulso, mas eles ainda se sentem mal quando percebem que sua mãe está brava com eles". Crianças com traços insensível – sem emoção não se arrependem.. "Elas não se importam se alguém está bravo com elas", diz Frick. "Elas não se importam em ferir os sentimentos de alguém." Como os adultos psicopatas, eles podem parecer ter falta de humanidade. "Se eles podem conseguir o que querem sem serem cruéis, se torna muito mais fácil", observa Frick. "Mas no final do dia, eles vão fazer o que funciona melhor." 


A idéia de que uma criança poderia ter tendências psicopatas permanece controversa entre os psicólogos. Laurence Steinberg, um psicólogo na Universidade de Temple, argumentou que a psicopatia, como os outros transtornos de personalidade, é quase impossível de diagnosticar com precisão em crianças, ou mesmo em adolescentes - tanto porque seus cérebros ainda estão em desenvolvimento, como porque o comportamento normal nessas idades pode ser mal interpretado como psicopatia. Outros temem que, mesmo que tal diagnóstico possa ser feito com precisão, o custo social de marcar uma criança como um psicopata é simplesmente muito alto. (O transtorno tem sido historicamente considerado intratável.) John Edens, um psicólogo clínico na Texas A & M University, alertou contra gastar dinheiro em pesquisas para identificar crianças com risco de psicopatia. "Isto não é como o autismo, onde a criança e os pais vão encontrar apoio", Edens observa. "Mesmo se preciso, é um diagnóstico destruidor. Ninguém é simpático com a mãe de um psicopata." 

Mark Dadds, um psicólogo da Universidade de Nova Gales do Sul que estuda o comportamento antissocial em crianças, reconhece que "ninguém está confortável em rotular crianças com 5 anos de idade como psicopatas." Mas, diz ele, ignorar essas características pode ser pior. "A pesquisa mostra que esse temperamento existe e pode ser identificado em crianças pequenas com bastante força." Estudos recentes revelaram que parecem ser significativas as diferenças anatômicas no cérebro de crianças adolescentes que pontuaram alto na versão juvenil do Checklist para Psicopatia - uma indicação de que o traço pode ser inato. Outro estudo, que acompanhou o desenvolvimento psicológico de 3.000 crianças durante um período de 25 anos, descobriu que os sinais de psicopatia podem ser detectados em crianças a partir dos 3 anos de idade. Um número pequeno, mas crescente de psicólogos, Dadds e Waschbusch entre eles, dizem que confrontando o problema mais cedo pode significar uma oportunidade de ajudar essas crianças a mudarem de rumo. Pesquisadores esperam, por exemplo, que a capacidade para a empatia, a qual é controlada por partes específicas do cérebro, pode ainda existir fracamente em crianças insensíveis – sem emoção, e podem ser reforçadas. 

Os benefícios de um tratamento bem sucedido podem ser enormes. Estima-se que Psicopatas podem representar 1% da população, mas constituem cerca de 15% a 25% dos criminosos na prisão que são responsáveis ​​por um número desproporcional de crimes brutais e assassinatos. Uma estimativa recente do neurocientista Kent Kiehl colocou o custo nacional da psicopatia em 460 bilhões de dólares por ano - cerca de 10 vezes o custo da depressão - em parte porque os psicopatas tendem a serem presos várias vezes. (Os custos sociais dos psicopatas não violentos podem ser ainda maiores; Robert Hare, co-autor de "Snakes in Suits", descreve evidências de psicopatia entre alguns financistas e empresários. Ele suspeita que Bernie Madoff esteja nessa categoria). O potencial para a melhoria também é o que separa o diagnóstico do determinismo: uma razão para tratar crianças psicopatas, em vez da prisão delas. "Como as freiras costumavam dizer: 'Pegue-os jovens o suficiente, e eles podem mudar", Dadds observa: "Você tem que esperar que seja verdade. Caso contrário, com o que estamos presos? Esses monstros". 

Quando eu conheci o Michael ele parecia tímido, mas muito bem comportado. Enquanto seu irmão Allan correu pela casa com um saco plástico como se fosse um paraquedas, Michael entrou na sala como se flutuasse, se aninhando no sofá da sala e escondendo o rosto nas almofadas. "Você pode vir dizer Olá?" Anne perguntou a ele. Ele olhou para mim, então saltou alegremente e disse: "Claro!" correndo para abraçá-la. Reprimido por uma bola quicando na cozinha, ele revirou os olhos como qualquer criança de 9 anos de idade, e então docilmente foi para fora. Poucos minutos depois, ele estava de volta saltando na frente de Jake, que estava balançando para cima e para baixo em sua cadeira de balanço. Quando a cadeira virou, Michael ofegou teatralmente e correu para o lado de seu irmão. "Jake, você está bem?", Ele perguntou, com os olhos arregalados com preocupação. Sinceramente despenteando o cabelo do seu irmão mais novo, e então ele me deu um sorriso vencedor. 

A exibição de afeto fraternal pareceu forçado, mas era difícil vê-lo como fundamentalmente perturbado. Aos poucos, porém, o comportamento de Michael começou a se transformar. Enquanto estava em fila perto do computador da família vendo um vídeo do Pokémon, Michael se virou para mim e disse secamente: "Como você pode ver, eu realmente não gosto de Allan"; quando eu perguntei se isso era realmente verdade, ele disse: "Sim. É verdade", e então sem emoção disse: "Eu o odeio". 

Olhando para baixo um segundo depois, ele percebeu o meu gravador digital sobre a mesa. "Você gravou isso?", Perguntou. Eu disse que eu tinha gravado. Ele olhou para mim brevemente antes de voltar para o vídeo. Quando um ruído súbito do outro quarto me fez desviar o olhar, Michael aproveitou a oportunidade para pegar o gravador e pressionar o botão de apagar. (Waschbusch mais tarde observou que tal ato calculado foi incomum para uma criança de 9 anos de idade, e que normalmente pegam o gravador imediatamente ou simplesmente lamentam com mau humor.) 

Era tentador examinar Anne e Miguel , e como os sinais disfuncionais de suas dinâmicas podem ser a fonte do comportamento estranho de Michael. Mas se a família parecia alguma coisa, era muito normal. Assistindo Anne passeando com seus dois meninos mais novos, naquela tarde, eu achei que ela fosse brusca e de bom senso. Quando Allan começou a correr pela sala de estar e, em seguida bater nas almofadas do sofá, ela falou rispidamente: "Allan! Pare com isso", (Ele obedeceu.) Quando Jake e Allan começaram a brigar por um brinquedo comum, ela arbitrou a disputa com um tom de exasperação paciente familiar para a maioria dos pais. "Basta deixá-lo brincar com ele por cinco minutos, Allan, e então será a sua vez." E quanto a serem sensíveis sobre estratégias parentais - Anne favorece estrutura e regras estritas; Miguel está inclinado a ser indulgente - Miguel escutou em silêncio, e em seguida, admitiu que a sua abordagem descontraída pode ser "otimista". 

Ele certamente parecia. Conforme a noite avançava, o comportamento de Michael ficou mais violento. Em um ponto, enquanto Michael estava no térreo, Jake subiu para a cadeira do computador e, acidentalmente, parou o vídeo do Pokémon de Michael. Allan deu uma risadinha, e até mesmo Miguel sorriu carinhosamente. Mas a diversão foi breve, ouvindo Michael na escada, Miguel disse: "Uh oh!" Jake e empurrou para fora da cadeira. 

Ele não foi rápido o suficiente. Vendo a reprodução de vídeo, Michael deu um grito agudo, e então examinou o quarto para achar o culpado, seu olhar pousou em Allan. Agarrando uma cadeira de madeira, ele a ergueu com dificuldade como que para ameaçar com violência, mas parou por alguns segundos, dando uma chance para Miguel pará-lo. Aos gritos, Michael correu para o banheiro e começou a bater o assento para baixo repetidamente. Arrastado para fora e levado para a cama, ele chorou lamentavelmente. "Papai! Papai! Por que está fazendo isso comigo?", "Não, papai! Eu tenho um vínculo maior com você do que com a mamãe! "Durante a hora seguinte, Michael chorou e gritou, enquanto Miguel tentou acalmá-lo. No hall de fora de seu quarto, Miguel pediu desculpas, acrescentando que foi "uma noite anormalmente ruim." 

"O que você viu, é o Michel de verdade," ele continuou,"Ele era assim o dia todo. Chutando e batendo, batendo o assento. "Mas ele também observou que Allan provocou Michael a ponto de fazê-lo chorar. "Ele adora cutucar quando ele pode", disse Miguel. 

Do seu quarto, Michael gritou: "Ele sabe das consequências, então eu não sei por que ele faz isso. Eu vou machucá-lo". 

Miguel: "Não, você não vai". 

Michael: "Eu estou indo até você, Allan". 

Uma hora mais tarde, depois que os meninos finalmente estavam dormindo, Miguel e eu nos sentamos à mesa da cozinha. Enquanto crescia, ele disse, ele também havia sido uma criança difícil - embora não tão problemático como Michael. "Muitos pais não me queriam perto dos seus filhos, porque eles achavam que eu estava louco", ele disse, fechando os olhos para a memória. "Eu não ouvia os adultos. Eu estava sempre com problemas. Minhas notas eram horríveis. Eu andava na rua e eu os ouvia dizer, em espanhol: "Ay! Viene el loco! '-' Aí vem o louco ". 

De acordo com Miguel, este comportamento antissocial durou até a sua adolescência, altura em que, segundo ele, "cresceu." Quando perguntei o que causou a mudança, ele parecia incerto. "Você aprende a pacificar as águas turbulentas", disse ele, por fim. "Isso só acontece. Você aprende a se controlar de fora para dentro". 

Se a trajetória de Miguel parecia oferecer alguma esperança para Michael, Anne permaneceu com dúvidas. Recordando o abraço que Michael deu nela mais cedo naquela noite, ela balançou a cabeça. "Dois abraços em 10 minutos?", Disse. "Eu não recebi dois abraços em duas semanas" Ela suspeitava que Michael estava tentando me manipular e estava usando truques semelhantes para manipular seus terapeutas: enganando-os para fazê-los acreditar que ele estava fazendo progressos, comportando-se bem durante as horas em está sob tratamento. "Miguel gosta de pensar que Michael está crescendo e amadurecendo", disse ela. "Eu odeio dizer isso, mas eu acho que na verdade ele está desenvolvendo um conjunto maior de habilidades de manipulação." Ela fez uma pausa. "Ele sabe como conseguir o que ele quer." 

Uma manhã encontrei-me com Waschbusch no local onde realiza seu programa de tratamento de verão, uma pequena escola elementar localizada no canto noroeste do campus da Flórida. Antes de se tornar interessado em psicopatia, Waschbusch especializou-se em déficit de atenção e hiperatividade, e durante os últimos oito verões ajudou a realizar um programa de tratamento de verão para crianças com TDAH grave. No ano passado foi a primeira vez que ele incluiu um programa separado para crianças insensíveis e sem emoção - uma dúzia de crianças entre 8 e 11 anos. Michael era uma de suas primeiras referências. 

O estudo de Waschbusch é um dos primeiros tratamentos a olhar para crianças insensíveis e sem emoção. Psicopatas adultos são conhecidos por responderem a prêmios muito mais do que punições; Waschbusch esperava para testar se isso era verdade em crianças também. Mas o processo tinha sido um desafio. Enquanto crianças com TDAH eram perturbadas e difíceis de controlar, crianças insensíveis/sem emoção mostraram uma capacidade de gerar o caos - gritando, deitando sobre as mesas e dando voltas ao redor da sala de aula – o que Waschbusch chamou de "fora das cartas." 

"Nós tínhamos crianças que estavam tentando escalar o muro e correr para o próximo campo, algumas crianças que tiveram que ser contidas fisicamente muitas vezes ao dia", disse Waschbusch, "Isso realmente nos surpreendeu." Enquanto me levava para o corredor principal da escola, ele cautelosamente verificava cada porta de sala de aula que passou, como que a confirmar que nenhuma criança estava prestes a sair. O estudo teve uma proporção de um conselheiro para cada duas crianças. Mas as crianças, Waschbusch disse, rapidamente descobriram que era possível testar a ordem com episódios de mau comportamento em massa. Uma criança veio gritava palavras em código em momentos-chave: era o sinal para todas as crianças para fugirem ao mesmo tempo. 

"Tudo o que veio pra mim até agora é o quanto manipulativas essas crianças estão se mostrando", disse ele, balançando a cabeça em admiração. "Eles não são como os TDAH, crianças que apenas agem impulsivamente; e eles não são como aqueles com transtorno de conduta que dizem: 'Dane-se você e seu jogo! Tudo o que você me disser, eu vou fazer o oposto. "As crianças insensíveis/sem emoção são capazes de seguir as regras com muito cuidado, mas elas simplesmente as usam ao seu favor. " 

Enquanto conversávamos, Waschbusch me levou para a quadra de basquete da escola que fica ao ar livre, onde um jogo estava em andamento. Inicialmente o jogo parecia quase normal, em pé e em círculo as crianças tentavam passar a bola um para o outro, sobre a cabeça da criança do meio, enquanto que os conselheiros davam feedbacks constantes - louvando o foco e o espírito esportivo e tomando nota a cada mau comportamento. Quando a bola voou em um dos passes, um rapaz corpulento de cabelo curto deu ao seu receptor um olhar ardente. "Essa raiva - que vai além do que você vê em crianças normais", disse Waschbusch. "Essas crianças, elas se ofendem facilmente e reagem de forma desproporcional. O mesmo é verdade com relação aos rancores. Se uma das crianças marcou um gol sobre ele, ele ficaria furioso. Ele estaria irritado com o garoto por alguns dias". 

Eu tinha observado a mesma raiva intensa em Michael. Uma noite, enquanto Michael via o vídeo do Pokémon, Allan subiu para sentar-se na cadeira ao lado dele com a extremidade de um brinquedo pendendo de sua boca. Michael olhou para ele com ódio, e então calmamente voltou para o computador. Trinta segundos se passaram, e de repente Michael girou, agarrou o brinquedo com força e o arremessou para o outro lado da sala. 

Enquanto conversávamos, Waschbusch me levou para a quadra de basquete da escola que fica ao ar livre, onde um jogo estava em andamento. Inicialmente o jogo parecia quase normal, em pé e em círculo as crianças tentavam passar a bola um para o outro, sobre a cabeça da criança do meio, enquanto que os conselheiros davam feedbacks constantes - louvando o foco e o espírito esportivo e tomando nota a cada mau comportamento. Quando a bola voou em um dos passes, um rapaz corpulento de cabelo curto deu ao seu receptor um olhar ardente. "Essa raiva - que vai além do que você vê em crianças normais", disse Waschbusch. "Essas crianças, elas se ofendem facilmente e reagem de forma desproporcional. O mesmo é verdade com relação aos rancores. Se uma das crianças marcou um gol sobre ele, ele ficaria furioso. Ele estaria irritado com o garoto por alguns dias". 

Eu tinha observado a mesma raiva intensa em Michael. Uma noite, enquanto Michael via o vídeo do Pokémon, Allan subiu para sentar-se na cadeira ao lado dele com a extremidade de um brinquedo pendendo de sua boca. Michael olhou para ele com ódio, e então calmamente voltou para o computador. Trinta segundos se passaram, e de repente Michael girou, agarrou o brinquedo com força e o arremessou para o outro lado da sala.


No programa de verão no entanto, Michael parecia menos violento do que sombrio. Vestido com shorts vermelhos e um boné de beisebol azul ele jogou bem, mas parecia entediado na avaliação do grupo que veio depois. Enquanto um conselheiro computava os pontos, Michael estava deitado no chão, sacudindo um fio que havia retirado de sua camisa. 

O programa de verão estava agora em sua sétima semana, e a maioria das crianças ainda não haviam mostrado sinais de melhora. Alguns, incluindo Michael, estavam na verdade piores, um tinha começado a morder os conselheiros. No início do programa, Waschbusch observou que o comportamento de Michael foi relativamente bom: ele às vezes pulava em cima de sua mesa ou corria ao redor da sala de aula, mas raramente tinha que ser retirado à força, como muitas vezes aconteceu com as crianças mais selvagens. Desde então, seu comportamento tinha piorado - em parte, Waschbusch pensou que era porque Michael estava tentando impressionar outra criança no programa, uma menina que eu vou chamar de L. (Seu nome foi abreviado proteger sua privacidade). 

Charmosa, mas volátil L. rapidamente encontrou maneiras de jogar com meninos diferentes um do outro. "Algumas manipulações por meninas são típicas", disse Waschbusch. "A frequência com que ela faz isso, e a precisão com que ela faz isso - Que é sem precedentes" Ela estava, por exemplo, contrabandeando uma série de pequenos brinquedos para o acampamento, me disse Waschbuschem, e em seguida distribuiu-os como prêmios para as crianças que se comportavam mal em seu comando. Essa estratégia pareceu particularmente eficaz com Michael, que costumava ir à detenção gritando seu nome. 

“De acordo com Waschbusch, um comportamento calculado como o de L. ‘distingue aqueles chamados de “sangue quente” com transtornos de conduta, daqueles mais “sangue frio” que possuem problemas como a psicopatia. "De Sangue quente são as crianças que tendem a agir de forma muito impulsiva. Uma teoria é de que eles têm um sistema de detecção de ameaças muito ativo. Eles são muito rápidos para reconhecerem raiva e medo. "As crianças de Sangue frio, insensíveis-sem emoção, também são capazes de serem impulsivas, mas o seu mau comportamento parece ser calculado com mais frequência. “ Ao contrário de alguém que não pode ficar parado, você tem uma pessoa que pode ser hostil quando provocada, mas que também tem essa capacidade de ser muito fria. A atitude é: 'Vamos ver como eu posso usar essa situação para a minha vantagem, não importa quem se machuca com isso". 

Os investigadores têm ligado o comportamento sangue frio a baixos níveis de cortisol e ao funcionamento abaixo do normal na amígdala, a parte do cérebro que processa o medo e outras emoções aversivas sociais, como a vergonha. O desejo de evitar esses sentimentos desagradáveis, Waschbusch observa, é parte do que motiva as crianças a se comportarem. "Normalmente, quando uma criança de 2 anos de idade empurra sua irmãzinha, esta chora e seus pais a repreendem, essas reações fazem a criança se sentir desconfortável", continuou Waschbusch. "E esse desconforto é que a impede de fazer isso novamente. A diferença das crianças insensívei s- sem emoção é que elas não se sentem desconfortáveis. Então, elas não desenvolvem a mesma aversão à punição ou à experiência de ferir alguém".

Waschbusch citou um estudo que comparou os registros criminais de adultos com 23 anos de idade com sua sensibilidade a estímulos desagradáveis ​aos 3 anos de idade. Nesse estudo, as crianças de três anos de idade foram expostos a um ruído simples, em seguida, expostos a uma explosão breve de ruído desagradável. Apesar de todas as crianças desenvolveram a capacidade de antecipar o ruído da explosão, a maioria das crianças que se tornaram criminosas como os adultos não mostram os mesmos sinais de aversão - Tensão ou suor - quando o ruído desagradável foi lançado. 

Para testar a idéia de que essas crianças podem ser menos sensíveis a recompensa e punição do que a média das crianças, Waschbusch estabeleceu um sistema de pontos, onde as crianças ganham pontos ao se comportarem bem, e então ele modificou o sistema para incluir durante a semana, um aumento da recompensa (pontos ganhos) ou da punição (pontos perdidos). No final de cada semana, as crianças escolheram prêmios com base no número de pontos que tinham obtido. Todos os dias, Waschbusch e seus conselheiros monitoravam o comportamento de cada criança - o número e a gravidade dos surtos, e quaisquer casos de bom comportamento - e lançaram os resultados. Com apenas uma dúzia de crianças no programa, Waschbusch admitiu que as observações eram mais como uma série de estudos de caso do que como um ensaio com estatísticas palpáveis. Ainda assim, ele espera que os dados possam fornecer um ponto de partida para pesquisadores que tentam tratar dessas crianças.


"Pouco se sabe sobre como esses garotos funcionam", disse Waschbusch. Mesmo agora, observou ele, a idéia de que essas crianças podem responder de forma diferente ao tratamento foi amplamente testada. "Este é um território desconhecido", ele admitiu. "As pessoas estão preocupadas com o rótulo, mas se podemos identificar essas crianças, pelo menos temos a chance de ajudá-las." Ele fez uma pausa. "E se perdermos essa chance, podemos não ter outra." 

Na manhã seguinte a minha visita, Waschbusch me convidou para assistir a um vídeo feito durante uma das sessões do programa na sala de aula. A visualização foi realizada em uma sala cheia de cadeiras extras e uma pequena TV. William Pelham, o presidente do Departamento de Psicologia da Florida International, parou para dizer Olá. "Dan vai impedir o próximo Ted Bundy", ele me disse alegremente. 

Waschbusch olhou fixamente para a tela. A câmera mostrou toda a sala de aula, Michael empurrou sua mesa desconfortavelmente, e então se inclinou para trás na cadeira, inquieto. "Michael, você não está na tarefa", um conselheiro o repreendeu suavemente."OK!" Michael disse com raiva. Próximo a ele, um menino pequeno com óculos deixou cair o lápis no chão várias vezes, ganhando uma bronca, então fingiu mastigar seu próprio braço. 

Após o almoço, a situação se deteriorou. Durante a aula, L. arremessou um apagador em outra garota, mas em vez disso, bateu em um menino de cabelos escuros que prontamente saiu da sua cadeira e correu em alta velocidade, colidindo com a mesa dos alunos atrás dele. Assistindo L. perseguir o menino ao redor da sala, Waschbusch rejeitou a idéia de que ela estava simplesmente fora de controle. "Isso está previsto", disse ele severamente. "Ela sabe exatamente o que ela está fazendo." Quando um conselheiro mandou L. se sentar, ela voltou para sua cadeira e ficou em silêncio por dois minutos, ganhando 10 pontos de recompensa. "Essa é a diferença," Waschbusch disse, apontando para a tela."Se isso fosse impulsividade, ela já estaria “normal” de novo." 

Um dos desafios em trabalhar com crianças gravemente perturbadas, Waschbusch observou, é descobrir as raízes de seus problemas comportamentais. Isto é particularmente verdadeiro para crianças insensíveis - sem emoção, disse ele, porque o seu comportamento - uma mistura de impulsividade, agressividade, manipulação e desafio - muitas vezes se sobrepõe a outros transtornos. "Um garoto como Michael é diferente a cada minuto", Waschbusch observou. "Então, podemos dizer que os impulsivos sofrem de TDAH e o restante são insensíveis – sem emoção? Ou vamos dizer que seu humor é oscilante, e isso é transtorno bipolar? Se uma criança não está prestando atenção, isso reflete um comportamento de oposição: você não está prestando atenção, porque você não quer? Ou você está deprimido, e você não está prestando atenção, porque você não pode ter energia para fazê-lo? " 

Além de aperfeiçoar as medidas psicológicas que testem esses traços em crianças, Waschbusch também espera ter uma melhor noção do porquê algumas crianças insensíveis – sem emoção crescem e se tornar adultos profundamente perturbados, enquanto outros não. Uma ressonância magnética no cérebro de psicopatas adultos mostrou o que parecem ser significativas as diferenças anatômicas: um menor córtex subgenual e uma redução de 5 % para 10% em densidade no cérebro, em partes do sistema paralímbico, regiões do cérebro associadas com empatia e valores sociais, e ativa na tomada de decisão moral. De acordo com James Blair, neurocientista cognitivo do Instituto Nacional de Saúde Mental, duas dessas áreas são fundamentais por reforçarem os resultados positivos e desestimularem os negativos. Em crianças insensíveis – sem emoção, Blair diz que a conexão pode estar com defeito, onde feedback negativo não é registrado da mesma maneira que um cérebro normal faria. 

Essas diferenças, dizem os pesquisadores, é mais provável serem de origem genética. Um estudo calculou a hereditariedade dos traços insensíveis –sem emoção em ao menos 8%. Donald Lynam, um psicólogo da Universidade Purdue, que passou duas décadas estudando psicopatas "incipientes", diz que estas diferenças podem, eventualmente, solidificarem para produzir a mistura incomum de inteligência e frieza que caracteriza os psicopatas adultos."A questão não é" Por que algumas pessoas fazem coisas más? "Lynam me disse por telefone. "É ,Por que mais pessoas não fazem coisas ruins?"E a resposta é porque a maioria de nós tem coisas que nos inibem. Como nossa preocupação em ferir os outros, porque sentimos empatia, ou nossa preocupação se outras pessoas vão ou não gostar de nós; ou ainda nossa preocupação em sermos pegos. Quando você começa a tirar esses inibidores, eu acho que é quando você chega até a psicopatia. "


Enquanto a chance de herdar uma predisposição para a psicopatia é alta, Lynam observou que não é maior do que a hereditariedade para a ansiedade e depressão, que também têm grandes fatores de risco genéticos, mas que ainda respondem ao tratamento. Waschbusch concordou, "Na minha opinião, essas crianças precisam de intervenção intensiva para trazê-las de volta ao normal - para o lugar onde outras estratégias podem até ter um efeito. Há um estigma de que os psicopatas são os criminosos mais difíceis e inflexíveis. Meu medo é que, se nós chamarmos essas crianças de "pré-psicopatas," as pessoas terão em mente que: esta é uma qualidade que não pode ser mudada, que é imutável. Eu não acredito nisso. Fisiologia não é o destino. " 

Nos anos 1970, a psiquiatra pesquisadora Lee Robins realizou uma série de estudos sobre crianças com problemas comportamentais, seguindo-os até a idade adulta. Esses estudos revelaram duas coisas,a primeira foi que quase todos os adultos psicopatas são profundamente antissociais, como uma criança. A segunda foi que quase 50% das crianças que pontuaram alto em características antissociais não irão se tornar adultos psicopatas.Os resultados dos testes iniciais, em outras palavras, eram necessários, mas não suficientes para finalmente prever que finalmente quando um criminoso se torna violento. 

Essa lacuna é o que dá o que os pesquisadores esperam; se uma predisposição genética para a psicopatia é um fator de risco, a lógica é que o risco pode ser atenuado por influências ambientais - da mesma maneira que a alimentação pode ser usada para reduzir o risco de doença cardíaca hereditária. Como muitos psicólogos, Frick e Lynam também suspeitam que a natureza notoriamente "intratável" da psicopatia pode realmente ser exagerada, um produto de estratégias de tratamentos desinformados. Os pesquisadores atualmente estão procurando distinguir com cautela os traços observados entre crianças insensíveis – sem emoção e psicopatas adultos, que como a maioria das doenças psicológicas, torna-se mais difícil de tratar quanto mais tempo persistir. 

Ainda assim, Frick reconhece que ainda não está claro qual a melhor forma de intervir."Antes de desenvolver tratamentos eficazes, você precisa de várias décadas de pesquisa básica só para descobrir o que essas crianças são, como, e a quê eles respondem a", disse ele."Isso é o que estamos fazendo agora -, mas vai demorar um pouco para tornar realidade." 

E há outros desafios. Desde que foi concluída que a psicopatia é altamente hereditária, Lynam diz que uma criança que é fria ou insensível é mais propensa a ter um pai que é da mesma maneira. E porque os pais não necessariamente vínculo com as crianças que se comportam de forma cruel, essas crianças tendem a ser mais punidas e menos alimentadas, criando o que ele chama de "uma profecia auto - realizável". 

"Chega um ponto em que os pais só param de tentar", disse Lynam. "Uma grande parte do treinamento é tentar fazer com que os pais dessas crianças se motivem, porque eles sentem que já tentaram de tudo e nada funciona". 

Anne admitiu para mim que esta tinha sido a sua experiência. "Por mais horrível que isso seja, como uma mãe, a verdade é que você coloca um muro. É como estar no exército, enfrentando uma barragem de fogo todos os dias. Você tem de armar-se contra as explosões e o ódio". 

Quando eu perguntei se ela estava preocupada se o comportamento de Michael estava influenciando o psicológico dos seus irmãos - Allan, em particular, parecia adorar Michael – e ela parecia surpresa com a ideia. Então ela me disse que na semana anterior, Allan tinha "fugido" para a casa de um amigo, localizada a mais de um quilômetro de casa. "É claro que nós estávamos muito preocupados", acrescentou ela apressadamente. "Mas Allan é confiável de qualquer maneira". 

Anne é uma disciplinadora rigorosa, disse ela, especialmente com Michael, com quem ela se preocupa de maneira aberta. Ela mencionou um episódio de "Criminal Minds", que a aterrorizava, em que o filho mais novo de um casal foi assassinado por seu irmão mais velho. "No seriado, o irmão mais velho não mostrou qualquer remorso, ele apenas disse, 'Ele mereceu, porque ele estragou os meus planos "; Quando eu vi aquilo eu disse, 'Oh meu Deus, não quero que o episódio seja a minha história de vida". "Ela riu sem jeito, então balançou a cabeça. "Eu sempre disse que Michael vai crescer ou para ser um ganhador do Prêmio Nobel ou um assassino em série."


Disse também que outros pais podem ficar chocados ao ouvi-la dizer tal coisa, ela suspirou, então ficou em silêncio por alguns segundos. "Para eles, eu diria que eles não devem julgar até estejam no meu lugar", disse ela finalmente. "Porque, você sabe, isso tem um preço. Não há um monte de alegria e felicidade ao acordar Michael. " 

Embora possa ser possível modificar o comportamento de uma criança insensível - sem emoção, o que é menos claro é se é possível regredir déficits neurológicos – como a falta de empatia. Em um estudo frequentemente citado, um grupo de terapia de detentos que reduziu pela metade a taxa de reincidência de prisioneiros violentos famosos, aumentou a taxa de "sucesso" em criminosos psicopatas, melhorando a sua capacidade de imitar arrependimento e auto - reflexão. Um artigo relacionado recentemente especulou que o tratamento de crianças antissociais com Ritalina pode ser perigoso, porque a droga suprime o seu comportamento impulsivo e lhes permiti planejar represálias mais cruéis e frias. 

Em outro estudo, o pesquisador Dadds Mark descobriu que, crianças com traços insensíveis- sem emoção mais amadurecidas desenvolveram a capacidade de simular interesse nos sentimentos das pessoas. "Nós chamamos esse papel de Aprender a falar por falar", disse Dadds. "Eles não têm empatia emocional, mas eles têm empatia cognitiva, pois eles podem dizer o que os outros sentem, eles simplesmente não se importam ou não sentem." Quando Anne revelou sua preocupação de que Michael pode ter começado a manipular os seus terapeutas - fingindo certos sentimentos para marcar pontos - ela poderia estar mais certo do ela sabia. 

A maioria dos pesquisadores que estudam crianças insensíveis – sem emoção, no entanto permanecem otimistas de que o tratamento certo pode não só mudar o comportamento, mas também ensinar um tipo de moral intelectual, que não é apenas uma cortina de fumaça. "Se uma pessoa não tem o hardware para fazer o processamento de emoção, você não será capaz de ensiná-lo", disse Donald Lynam, e observa "Pode ser como o diabetes : você nunca está realmente se tratando para curá-lo. Mas se a sua ideia de sucesso é que essas crianças não são tão propensas a se tornarem violentas e acabarem na cadeia, então eu acho que o tratamento poderia funcionar. " 

Frick está disposto a ir mais longe. Se o tratamento for iniciado cedo o suficiente, diz ele, pode ser possível reprogramar o cérebro de modo que até mesmo as crianças com esses traços possam desenvolver uma maior empatia, através de terapias que ensinam tudo, de emoções de identificação (essas crianças tendem a ter dificuldade em reconhecer o medo nos outros) até o básico do básico. Ninguém ainda testou esses tratamentos em crianças com esses traços, mas observou Frick que um estudo inicial indicou que os pais afetuosos parecem reduzir a insensibilidade nessas crianças por mais tempo - mesmo em crianças que inicialmente resistem tal proximidade. 

Em janeiro, o tratamento de estratégias de recompensa versus punição de Waschbusch, mostrou pouca consistência - possivelmente porque o grupo de estudo era muito pequeno. Neste verão, ele planeja expandir o programa a partir de quatro grupos: cada grupo será dividido entre crianças com traços psicopatas e crianças com transtorno de conduta. Waschbusch espera que, ao comparar os dois, será possível avaliar as diferenças nas suas respostas ao tratamento. 

Quanto a Michael, é difícil dizer se o programa tenha ajudado. Durante a última semana no acampamento, ele mordeu um conselheiro no braço, algo que nunca tinha feito antes. Em casa, Miguel disse que Michael havia se tornado expert em sua desobediência. "Ele não grita tanto", ele me disse. "Mas ele só faz o que quer e depois fica por isso mesmo." 

Miguel disse que ainda tinha esperança de que o desenvolvimento de Michael iria seguir um caminho semelhante ao seu. "Às vezes, quando Michael faz as coisas, eu sei exatamente o porquê", disse ele encolhendo os ombros. "Porque eu tenho feito o mesmo tipo de coisa." Enquanto isso, ele oferece a Michael todo conselho que ele pode. "Eu tento dizer-lhe: Você está aqui com um monte de outras pessoas, e todos eles têm suas próprias ideias do que eles querem fazer. Quer você goste ou não, você apenas tem que se dar bem com essas pessoas".