ACUSAÇÃO
O promotor Roberto Tardelli espera que Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Christian Cravinhos peguem 50 anos de prisão cada um [1].
Suzane, seu namorado Daniel e o irmão dele, Christian Cravinhos, confessaram ter matado os pais dela, a "golpes de pau", na casa em que a família vivia e foram denunciados pelo Ministério Público por crime de duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima; e fraude processual, por terem alterado a cena do crime.
De acordo com o promotor, não há como o juiz arbitrar a sentença de 60 anos porque Suzane era menor de 21 quando cometeu o crime. Os três são réus confessos e colaboraram para o andamento do processo.
Uma considerável vitória da promotoria foi impedir o desmembramento do processo, fazendo com que Suzane e os irmãos Cravinhos fossem julgados juntos. Além disso, segundo o promotor, venceria nesta segunda o período de prisão domiciliar, mesmo que o ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça, não tenha estabelecido um prazo.
Atuou como 'assistente da acusação', em nome de Miguel Abdalla, que era irmão de Marísia, o advogado criminalista Alberto Zacharias Toron, que foi o último a falar pela promotoria. Ele reforçou a linha de acusação do promotor Roberto Tardelli e insistiu na participação dos três, com responsabilidades idênticas no crime [2].
DEFESA
O advogado Mauro Otávio Nacif defende que sua cliente sofreu uma "coação moral irresistível", ou seja, de que ela foi pressionada pelo namorado para participar do crime, sob pena de perdê-lo. O namorado teria ganhado muita importância na vida da ré depois de ela ter perdido a virgindade com ele, aos 16 anos.
O Dr. Mauro diz que a questão da virgindade era um tabu na casa de Suzane, que recebeu uma educação rígida graças à ascendência alemã e cuja mãe se casou virgem. Ela estaria tão envolvida com o namorado que, na opção entre Daniel e os pais, ela optou pelo namorado.
Para o advogado, Daniel "escravizava" Suzane e foi o responsável por seu envolvimento com drogas como maconha — que consumia freqüentemente — e ecstasy. Ele diz que Daniel não queria usar preservativos e obrigava Suzane a tomar injeções mensais de anticoncepcionais, que a desagradavam profundamente.
Entrevista polêmica do Fantástico
O Fantástico, programa dominical da Rede Globo passou nove meses conversando com Denivaldo Barni (o advogado-tutor de Suzane) para conseguir uma entrevista exclusiva.
Neste período, houve uma conversa telefônica e dois encontros com Suzane, sem câmeras.
No início de abril de 2006, o advogado confirmou a realização da entrevista, pedindo que nesta reportagem não fossem exibidas cenas de arquivo. A gravação seria feita em duas etapas: a primeira em 5 de abril de 2006 no apartamento de Barni, no bairro do Morumbi, São Paulo.
Na tarde de 5 de abril, o Fantástico encontrou uma jovem de 22 anos que fala e se veste como uma criança. Na camiseta, estampa da Minnie. Nos pés, pantufas de coelho. A franja cobre os olhos o tempo inteiro. Ela começa a entrevista mostrando fotos de amigos e da família.
Percebe-se ao longo da entrevista que quando questionada sobre o que sente pelo ex-namorado, Suzana olha para Barni: "Muito ódio. Muito, muito, muito. Demais. Ele destruiu a minha família, ele destruiu tudo, tudo, tudo o que eu tinha de mais precioso ele tirou de mim. O que eu tinha de mais precioso..."
Logo no começo da gravação, a câmera registra uma conversa ao pé de ouvido entre Barni e Suzane. O microfone, que já estava ligado, capta o diálogo. Ele orienta Suzane a chorar na entrevista. “Fala que eu não vejo. Chora...”.
"Interpretação" no Fantástico
O programa televisivo explorou a idéia de que a entrevista de Suzane fosse uma farsa da Defesa para fazer com que ela fosse vista de uma outra forma pela opinião pública: como uma menina meiga (usando pantufas), imatura, infantilizada e altamente influenciável, o que a teria motivado a fazer o que fez.
Baseada na idéia de que Suzane solta poderia influenciar ou até mesmo atrapalhar o julgamento, ela foi presa novamente, no dia seguinte à exibição da entrevista.
Por outro lado, Barni defende que pediu que sua cliente chorasse para que ela sensibilizasse o irmão Andreas. Segundo Barni, Suzane luta pra receber a herança dos pais, mas seu irmão é contra, tendo acionado a Justiça numa "Ação de Exclusão" de Suzane como herdeira - facultada pela legislação brasileira contra aqueles que atentaram contra a vida dos eventuais legadores.
“[...] O advogado Mauro Otávio Nacif defende que sua cliente sofreu uma "coação moral irresistível", ou seja, de que ela foi pressionada pelo namorado para participar do crime, sob pena de perdê-lo. O namorado teria ganhado muita importância na vida da ré depois de ela ter perdido a virgindade com ele, aos 16 anos.[...]”
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“ai amor, perdi a virgindade contigo, foi tão lindo, diga o que eu faço pra retribuir... Matar meus pais? Claro, besteira, faria tudo por você!”