- A CASA DOS HORRORES
Cunningham Hall um dia já foi uma respeitada casa de saúde, mas quando o estudante de medicina Clark Stevens aceita fazer estágio no hospital, logo percebe que hoje o lugar não passa de um hospício decadente com muitos pacientes e pouco dinheiro. A casa é dirigida pelo rígido Dr. Franks, que apresenta Clark ao amável Dr.Morton, à terrível enfermeira Hendricks e à jovem Sara, a enfermeira que lhe mostra todo o sanatório, inclusive o subsolo conhecido como O Manicômio, onde ficam os pacientes perigosos. Quando um desses internos ataca Clark, o segurança chamado Drake salva sua vida, mas o adverte para manter-se longe dali. Coisas estranhas acontecem e, de alguma forma, Clark sabe que há mais em Cunningham Hall do que os olhos podem ver. A casa tem um passado sobre o qual ninguém quer falar. Mas, assim que começa a ver a imagem do menino que muitos dizer assombrar o lugar, Clark começa a questionar sua própria sanidade
Informações Técnicas
Informações Técnicas
Título no Brasil: A Casa dos Horrores
Título Original: Madhouse
País de Origem: EUA
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 91 minutos
Ano de Lançamento: 2004
Estúdio/Distrib.: PlayArte
Direção: William Butler
Título Original: Madhouse
País de Origem: EUA
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 91 minutos
Ano de Lançamento: 2004
Estúdio/Distrib.: PlayArte
Direção: William Butler
- Vida Roubada – Autobiografia de Jaycee Dugard
Vida Roubada não é apenas mais um livro exposto nas estantes da livraria. É uma vida de fato. É o relato dos anos de sequestro de Jaycee Dugard. É uma lágrima, um sorriso, um abraço, um tapa no rosto. É a autobiografia de uma garota que viveu 18 anos em cárcere. Uma garota que por 18 anos não podia falar o próprio nome. Que ansiava por rever a mãe e sofria porque havia esquecido o rosto dela. Que foi violentada de todas as formas possíveis desde a adolescência.
Vítima de pedofilia, da manipulação psicológica, da privação do sol, protagonista de filmes sadomasoquistas em que não pediu para participar, à mercê de duas pessoas completamente desiquilibradas. Daria um filme de terror de muito mal-gosto. Ainda sim, o que mais surpreende não são as atrocidades pelas quais passou, nem o fato de que a polícia estava o tempo todo ao lado da sua masmorra e ainda sim não a viu. O que surpreende é a lucidez de Jaycee. A capacidade de conseguir digerir tudo, de analisar a situação friamente e retomar as rédeas da própria vida depois de tamanha violência. E a sua denúncia ao mundo é: nossas crianças precisam ser melhor protegidas.
“Agora estou com este estranho que me faz perguntas estranhas e só consigo pensar na mamãe. Ela deve estar preocupada. Alguém contou para mamãe que eu fui levada por um estranho? Como ela vai me encontrar? O homem raspa minhas axilas e minhas pernas e depois diz que vai raspar os pêlos da minha vagina [...]“
“Penso se alguma dia serei feliz de novo.”
O livro começa com o relato do dia em que uma garota de 11 anos foi jogada para dentro de um carro, à força, enquanto caminhava para ir a escola.
Ela solta trechos de diários que conseguiu guardar da época do cárcere, e mistura a narrativa que escreveu depois. As cenas são vívidas, você quase consegue sentir a mão do sequestrador-estuprador quando ele a toca pela primeira vez. É opressor e deprimente.
Apesar de ser uma história de muita dor e violência, o texto de Jaycee é delicado e fluído; você sente o que ela sentiu, vive através dos olhos dela, e tem a mesma vontade de fugir que ela tem – talvez por isso eu tenha parado a leitura várias vezes. Há relatos em que senti que era muito para mim, não pela cena em si, porque sinto que se fosse um livo de ficção eu leria tranquilamente, mas aquilo era vida real, era algo que estava acontecendo com uma garotinha. Sentia ódio do mundo e ficava horas sem falar com ninguém, sozinha no meu quarto pensando.
É um livro leve e forte. Leve na linguagem, sem muitos floreios linguísticos, e por isso muito cru e tocante; forte pela história, pela capacidade de expressar os sentimentos. E é engraçado observar como ela escreve exatamente de acordo com a idade em que estava no dia dos ocorridos.
Jaycee viveu por um período trancada em um quarto escuro, comendo uma vez ao dia – fast food -, sem poder escovar os dentes ou ter acesso a um banheiro normal (o sequestrador lhe dava um balde), e servindo de amante para uma criatura – desculpem, não consigo chamá-lo de pessoa ou ser humano depois de tudo – muito maior que ela, contra a sua vontade. Depois do estuprador, a outra pessoa com quem Jaycee teve contato foi Nancy, a esposa do criminoso. Várias vezes Jaycee se pergunta porque Nancy não a soltou quando teve oportunidade, já que ela não parecia estar completamente de acordo com o sequestro que seu marido realizou. Suspeito que Nancy sofresse de uma certa dependência psicológica do marido, aquele tipo de submissão inexplicável que só Freud poderia explicar.
Com o tempo, Jaycee cria um laço esquisito com essas duas pessoas. Claro que sem esse laço ela não sobreviveria, e por isso a admiro muito pelo talento em sobreviver; incoscientemente ela sabia que precisava daquelas pessoas, e precisava criar um teatro para que eles pensassem que ela estava completamente rendida àquela vida falsa que eles criaram para ela. Com o tempo, eles a tiraram do quartinho escuro e fizeram uma pequena vila no pátio dos fundos da casa, que foi uma necessidade mais do que um agrado dos sequestradores, pois Jaycee deu a luz duas meninas. A primeira aos catorze, e a segunda aos dezoito. Essas filhas foram um bálsamo para Jaycee. Acredito que os últimos dez anos de cárcere tenham sido baseados na dedicação em manter aquelas duas filhas vivas e saudáveis.
De tudo, o que mais revolta é o fato de que a polícia visitava frequentemente a casa do estuprador, que estava em condicional, e jamais visitaram os fundos da casa. Ali viveu, aprisionada, uma pessoa. Por 18 anos. Debaixo do nariz dos vizinhos, da polícia, do mundo. Outro fato que chama muito atenção é o fanatismo religioso do sequestrador, que assim justificava seus atos. Algumas vezes me peguei pensando se Jaycee se deixaria levar por isso e viraria uma fanática também, mas ela só faz ser irônica sobre isso no livro, o que faz com que ela nos cative mais ainda. A garota, apesar de tudo, consegue manter uma lucidez impressionante – esses momentos irônicos são respiros de alívio no meio de tantas passagens pesadas e melancólicas.
“[...] sobre a minha dificuldade de confiar na polícia. Eles não estavam presentes quando precisei”.
Esta história é para ser lida em um momento de reflexão. Não é um livro leve, apesar da leitura ser fácil e corrida. Ao total li metade dele – 167 páginas – em apenas umas quatro horas, e li o resto ao longo de 24h – é um livro médio, de 292 páginas. Recomendo a leitura para aquele amigo seu que diz que a mulher é culpada de tudo que lhe acontece, que a polícia sabe de tudo, ou para sua irmã mais nova, ou cunhada, que acredita que nenhum mal pode acontecer a ninguém caso a pessoa ‘não se exponha’. “Vida Roubada” é uma história e tanto, uma lição, uma denúncia. E esse grito deve ser lido por todo mundo que convive com mulheres. O livro é uma conclusão de que o mundo é podre. E ao mesmo tempo, uma prova de que mesmo no meio da podridão algumas flores podem sobreviver.
Referência: Vida Roubada de Jaycee Dugard.
Vítima de pedofilia, da manipulação psicológica, da privação do sol, protagonista de filmes sadomasoquistas em que não pediu para participar, à mercê de duas pessoas completamente desiquilibradas. Daria um filme de terror de muito mal-gosto. Ainda sim, o que mais surpreende não são as atrocidades pelas quais passou, nem o fato de que a polícia estava o tempo todo ao lado da sua masmorra e ainda sim não a viu. O que surpreende é a lucidez de Jaycee. A capacidade de conseguir digerir tudo, de analisar a situação friamente e retomar as rédeas da própria vida depois de tamanha violência. E a sua denúncia ao mundo é: nossas crianças precisam ser melhor protegidas.
“Agora estou com este estranho que me faz perguntas estranhas e só consigo pensar na mamãe. Ela deve estar preocupada. Alguém contou para mamãe que eu fui levada por um estranho? Como ela vai me encontrar? O homem raspa minhas axilas e minhas pernas e depois diz que vai raspar os pêlos da minha vagina [...]“
“Penso se alguma dia serei feliz de novo.”
O livro começa com o relato do dia em que uma garota de 11 anos foi jogada para dentro de um carro, à força, enquanto caminhava para ir a escola.
Ela solta trechos de diários que conseguiu guardar da época do cárcere, e mistura a narrativa que escreveu depois. As cenas são vívidas, você quase consegue sentir a mão do sequestrador-estuprador quando ele a toca pela primeira vez. É opressor e deprimente.
Apesar de ser uma história de muita dor e violência, o texto de Jaycee é delicado e fluído; você sente o que ela sentiu, vive através dos olhos dela, e tem a mesma vontade de fugir que ela tem – talvez por isso eu tenha parado a leitura várias vezes. Há relatos em que senti que era muito para mim, não pela cena em si, porque sinto que se fosse um livo de ficção eu leria tranquilamente, mas aquilo era vida real, era algo que estava acontecendo com uma garotinha. Sentia ódio do mundo e ficava horas sem falar com ninguém, sozinha no meu quarto pensando.
É um livro leve e forte. Leve na linguagem, sem muitos floreios linguísticos, e por isso muito cru e tocante; forte pela história, pela capacidade de expressar os sentimentos. E é engraçado observar como ela escreve exatamente de acordo com a idade em que estava no dia dos ocorridos.
Jaycee viveu por um período trancada em um quarto escuro, comendo uma vez ao dia – fast food -, sem poder escovar os dentes ou ter acesso a um banheiro normal (o sequestrador lhe dava um balde), e servindo de amante para uma criatura – desculpem, não consigo chamá-lo de pessoa ou ser humano depois de tudo – muito maior que ela, contra a sua vontade. Depois do estuprador, a outra pessoa com quem Jaycee teve contato foi Nancy, a esposa do criminoso. Várias vezes Jaycee se pergunta porque Nancy não a soltou quando teve oportunidade, já que ela não parecia estar completamente de acordo com o sequestro que seu marido realizou. Suspeito que Nancy sofresse de uma certa dependência psicológica do marido, aquele tipo de submissão inexplicável que só Freud poderia explicar.
Com o tempo, Jaycee cria um laço esquisito com essas duas pessoas. Claro que sem esse laço ela não sobreviveria, e por isso a admiro muito pelo talento em sobreviver; incoscientemente ela sabia que precisava daquelas pessoas, e precisava criar um teatro para que eles pensassem que ela estava completamente rendida àquela vida falsa que eles criaram para ela. Com o tempo, eles a tiraram do quartinho escuro e fizeram uma pequena vila no pátio dos fundos da casa, que foi uma necessidade mais do que um agrado dos sequestradores, pois Jaycee deu a luz duas meninas. A primeira aos catorze, e a segunda aos dezoito. Essas filhas foram um bálsamo para Jaycee. Acredito que os últimos dez anos de cárcere tenham sido baseados na dedicação em manter aquelas duas filhas vivas e saudáveis.
De tudo, o que mais revolta é o fato de que a polícia visitava frequentemente a casa do estuprador, que estava em condicional, e jamais visitaram os fundos da casa. Ali viveu, aprisionada, uma pessoa. Por 18 anos. Debaixo do nariz dos vizinhos, da polícia, do mundo. Outro fato que chama muito atenção é o fanatismo religioso do sequestrador, que assim justificava seus atos. Algumas vezes me peguei pensando se Jaycee se deixaria levar por isso e viraria uma fanática também, mas ela só faz ser irônica sobre isso no livro, o que faz com que ela nos cative mais ainda. A garota, apesar de tudo, consegue manter uma lucidez impressionante – esses momentos irônicos são respiros de alívio no meio de tantas passagens pesadas e melancólicas.
“[...] sobre a minha dificuldade de confiar na polícia. Eles não estavam presentes quando precisei”.
Esta história é para ser lida em um momento de reflexão. Não é um livro leve, apesar da leitura ser fácil e corrida. Ao total li metade dele – 167 páginas – em apenas umas quatro horas, e li o resto ao longo de 24h – é um livro médio, de 292 páginas. Recomendo a leitura para aquele amigo seu que diz que a mulher é culpada de tudo que lhe acontece, que a polícia sabe de tudo, ou para sua irmã mais nova, ou cunhada, que acredita que nenhum mal pode acontecer a ninguém caso a pessoa ‘não se exponha’. “Vida Roubada” é uma história e tanto, uma lição, uma denúncia. E esse grito deve ser lido por todo mundo que convive com mulheres. O livro é uma conclusão de que o mundo é podre. E ao mesmo tempo, uma prova de que mesmo no meio da podridão algumas flores podem sobreviver.
Referência: Vida Roubada de Jaycee Dugard.
Editora Record, 2011.
*Imagem do destaque: Jaycee Dugard.
*Imagem do destaque: Jaycee Dugard.
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