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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Caso da Semana: Jack, o Estripador Parte III

                                  Os Suspeitos

Em 1894, Sir Neville Macnaughten, oficial da Scotland Yard escreveu um documento relatando 3 suspeitos que ele acreditava ser Jack, O Estripador. O documento permaneceu nos arquivos da polícia e só foi publicado em 1915.

O três principais suspeitosa de Macnaughten eram:

Suspeito N° 1- Montague John Druit



O suspeito número 1 da Scotland Yard, era um cidadão acima de qualquer suspeita: 31 anos, professor e advogado da alta sociedade londrina. Extremamente inteligente, graduou-se no Winchester College e em Oxford. Seu escritório ficava a poucas quadras de onde ocorreram as mortes. Desapareceu em 3 de Dezembro, logo após o último assassinato, e era diagnosticado como sexualmente insano (definição que na época servia para enquadrar de homossexuais a homens que procuravam prostitutas). Seu corpo foi achado  boiando no Rio Tâmisa em 31 de Dezembro de 1888. nos bolsos do casaco foram encontradas pedras grandes, insinuando que ele havia se jogado no rio. de família com histórico de loucura, é possível que Druitt tenha se suicidado por arrependimento ou porque fora demitido na escola onde lecionava. Até a família de Duitt achava que ele era o estripador.



Suspeito N° 2 - Aaron Kominski



Ele era um barbeiro judeu-polonês morador de Whitechapel que tinha ódio de mulheres, especialmente de prostitutas, e que foi colocado em um manicômio em Março de 1889. Não há evidências que liguem Aaron aos crimes.

Suspeito N° 3 - Michael Ostrog



Michael Ostrog era um médico cirurgião russo. Considerado um maníaco cruel com mulheres, sempre andava com seus instrumentos cirúrgicos por Whitechapel. Com uma longa carreira de crimes, tinha várias identidades e fora preso diversas vezes. Não há nenhum fato contundente que o ligue aos assassinatos. Em 1891 foi internado em um hospital psiquiátrico do qual foi solto 3 anos depois. Em 1900 foi preso por roubo e após 1904 nunca mais foi visto.

                                                      Outros Suspeitos
Severin Klosowsk


O polonês, também conhecido como George Chapman é um dos principais suspeitos de ser Jack, O Estripador. Em 1888 tinha uma barbearia em Whitechapel. A  barbearia ficava a poucos metros de onde a prostituta Martha Tabram foi encontrada morta, e o pior, Klosowsk morava em frente ao beco onde Tabram foi encontrada. bastante agressivo, era um dos principais suspeitos do inspetor Frederick Abberline. Mudou-se para New Jersey, EUA em 1891. lá uma prostituta chamada Carrie Brown Foi morta com o mesmo modus operandis de Jack. Em 1903 foi condenado à forca por ter matado suas três mulheres aos poucos com doses programadas de arsênico.


Robert Stephenson



Também conhecido como Rosyln D'Onston. Tinha relações incestuosas com prostitutas e era conhecido pelo seu interesse em ocultismo e magia negra. Em 1888 internou-se no hospital de Londres, a poucos metros do primeiro crime. saiu do hospital logo após o último crime. Em 1889 estava coma saúde muito debilitada o que o impossibilitava de cometer crimes, e logo foi descartado pela polícia.


James Stephen

James Kenneth Stephen era um jovem brilhante mas igualmente estranho. Foi escritor, poeta e Presidente da Sociedade da União de Cambridge. Em 1883 tornou-se tutor do neto da Rainha Victória, que era homossexual e tinha problemas psicológicos ( circulavam boatos de que os dois teriam um caso).

Em 1887 Stephen sofre um acidente que o deixa com transtorno de bipolaridade. A partir daí seu comportamento começa a ficar muito estranho, começa a escrever poesias com imagens de violência contra mulheres e outra poesia chamada Air Kaphoozelum onde o vilão mata prostitutas. Em 1891 foi internado em um hospício,ao saber da morte do Príncipe Albert, JK entrou em depressão e morreu 20 dias depois aos 32 anos. Para o especialista no caso de Jack, o Estripador e psiquiatra forense  David Abrahamsen, não há dúvidas: 

" JK Stephen  que eu acredito ser Jack, O Estripador era um solitário. Era mais que um assassino. Ao ser rejeitado passou a matar mulheres pedaço por pedaço."

Esta teoria foi bastante discutida por especialistas nos anos 70,  um ponto negativo é a análise da rafia de JK Stephen que não combina com as cartas "Caro patrão" e "Do Inferno".


Francis Tumblety

 Em 1913,  um inspetor da Scotland Yard chamado John Littlechild escreveu ao jornalista George Sims relatando um suspeito de ser Jack, O Estripador; que fora preso logo após o último crime. Esse suspeito era o médico irlandês (com cidadania americana) Francis Tumblety. Preso por atentado violento ao pudor, foi acusado pela morte da prostituta Mary Kelly. Tumblety morreria em 1903 sem ser acusado de crime algum nos EUA. Para Littlechild, Tumblety era um suspeito em potencial: era médico, agressivo, de comportamento antissocial e não gostava de mulheres, além do mais os crimes cessaram  logo após sua prisão, e sua fuga poderia ser um indício  de que tinha alguma culpa no cartório.

                                            Teorias Mirabolantes
Com o passar das décadas dezenas de teorias foram criadas com o objetivo de descobrir a verdadeira identidade de Jack, O Estripador. As teorias vão desde uma conspiração da Família real com a ordem maçônica até de que Lewis Carrol (autor de Alice no País das Maravilhas), era Jack.


                             A Familía Real e os Maçons

Essa teoria leva à ovelha negra da Família Real, o Príncipe Albert Victor, neto da Rainha Victória e herdeiro do trono. Fisicamente fraco e leno nos estudos, era alvo de fofocas, especialmente  sobre sua sexualidade. Morreu em 1982 de gripe ou sífilis (as histórias variam).

A teoria começa em 1970 quando Sir Thomas Stowell publicou um artigo  dizendo que Sir William Gull, médico particular da Rainha Victória tinha cometido os crimes. Segundo a teoria, o Príncipe Albert teria tido uma filha com uma mulher católica (inaceitável para a Família Real), e que eles haviam se casado em segredo. A Rainha descobriu e exigiu a anulação do casamento; Gull e os maçons decidiram acobertar o Príncipe e abafar a história. Eles sequestraram Mary Ann Crook (a amante do príncipe), e a internaram em um hospício sem direito a visitas, mataram todas as testemunhas do casamento (as 6 prostitutas) em rituais maçônicos e desapareceram com a criança.

A teoria é fantasiosa e foi desmascarada por volta dos anos 70.
Sir Willian Gull, médico particular da Rainha
Príncipe Albert Victor

                      Lewis Carrol



Polêmico para a sua época, hoje é visto como um pedófilo: gostava de fotografar crinaças nuas. As suspeitas sobre ele começaram quando o escritor Richard Wallace escreveu um livro informando ter encontrado um anagrama nas obras de Carrol que o denunciariam como Jack. Na verdade o anagrama não diz muita coisa e os especialistas não levam essa teoria a sério.

                           Walter Sickert



Segundo a autora americana policial Patricia Cornwell, uma das telas do pintor dinamarquês retrata o cenáriod a última morte de Jack. Outra evidência é uma carta supostamente assinada por jack, escrita num papel da mesma marca usada pelo pintor. Patrícia até lançouum livro sobre o caso e gastou milhões com o que há de mais moderno em pesquisas forenses, porém poucas pessoas levam em consideração a sua teoria.
              
Modus operandi
Jack atacava apenas em fins de semana ou feriados nas primeiras horas da madrugada, o que sugere que ele devia ser solteiro e tinha emprego fixo. Aproveitava as ruas mal iluminadas e favoráveis à prostituição, para se aproximar de prostitutas que estavam a serviço ou vagando em busca de um teto para dormir. Possivelmente oferecia uma boa remuneração pelos seus serviços, e as levava até um beco onde as estrangulava.


Ritual

Após estrangular as vítimas, Jack degolava suas gargantas e as deitava no chão. Começava aí o processo de evisceração ou estripamento. Segundo relatórios de autópsias, a remoção dos órgãos era feita de forma limpa e precisa, com os cortes sendo iniciados pelo abdômen. Jack removia os rins, fígados e úteros. Os intestinos eram colocados em volta do corpo. No último crime ele extirpou todos os órgãos de Mary Kelly. Há indícios de que Jack tenha praticado canibalismo.


Análise psicológica

Para o Psiquiatra Forense Bob Peckit, Jack, O Estripador deveria sofrer de alguma doença como a sífilis. A sífilis era uma doença comum em bairros pobres como Whitechapel, e o fatod e Jack ter contraído essa doença explicaria sua raiva pelas prostitutas, Jack as punia.

Com relação a remoção de órgãos das vítimas, principalmente os úteros, o psiquiatra diz:

" A questão de remoção de partes do corpo é realmente assustadora. Homens que cometem esse tipo de violência levam troféus para lembrá-los, para produzirem  uma conexão imediata, tática, física e sensual entre o crime e a vítima. No caso de Jack, ele ficava excitado ao esfaquear e remover as partes do corpo, e além disso remover a essência da condição de ser mulher, que era o útero."

Para John Douglas, Agente Especial da Ciência do Comportamento do FBI, o primeiro crime e o local podem dizer muito sobre o assassino:

" Se eu pudesse levar os meus homens para 1888 para a cena do crime, pediria concentração para o primeiro assassinato. Geralmente o primeiro é o ponto central. É a área onde o sujeito fica mais à vontade, que pode ser onde trabalha ou mora. Acredito que o assassino voltaria para a cena do crime e ficaria lá fantasiando e revivendo o crime".

Para John Douglas, Jack era um assassino oportunista, escolhia prostitutas alcoólatras porque elas eram alvos fáceis. O agente também acreditava que o Estripador havia cometido outros crimes que nunca foram atribuídos a ele. Jack era um assassino que tinha o foco em mutilar genitálias femininas, isso porém não quer dizer que os assassinatos eram sexuais, não havia estupro. Jack poderia ter tido uma mãe alcoólatra e prostituta; e com a sua desestruturação mental devido à sífilis Jack passou a matar prostitutas executando fantasias violentas direcionadas à sua mãe, provavelmente a responsável pela imagem que Jack tinha das mulheres, uma imagem que le passou a desprezar e a ter nojo.

A especialista em traçar perfis criminosos Patty Brown, compartilha da mesma opinião de John Douglas com relação aos primeiros assassinatos, para ela não é mera coincidência que os primeiros assassinatos ( Martha Trabam e Polly Nichols) tenham acontecido perto do Hospital de Londres, a localização do primeiro (ou primeiros) esconde algo sobre o assassino:

"O hospital de Londres tratou de muitas pessoas com sífilis, e havia uma sala de emergência lá, então é interessante que isso existisse no hospital. É possível que Jack tenha se internado lá para tratamento da sífilis e percebido que iria morrer (a sífilis naquela época não tinha cura) então decidiu vingar-se. Assassinos em série matam em locais que eles costumam frequentar".

O quarto crime e a mensagem deixada no local podem dizer muito sobre o assassino. O local onde Liz Stride foi assassinada ficava a poucos metros de um clube de discussão sobre judeus socialistas. Para Patty Brown, Jack poderia ser um frequentador desse clube. Na noite do assassinato de Liz Stride, Jack poderia ter discutido no clube e saído com bastante raiva, matado Liz e escrito a mensagem no muro. Os erros gramaticais e de grafia também são consistentes com o cérebro em deterioração devido à sua doença venérea.

" Eu acredito que Jack estava perdendo suas habilidades cognitivas e estava escrevendo daquele jeito tanto por causa da sífilis quanto por sua raiva. Assassinos em série existem em todas as raças, porque a psicopatia não é um desvio de personalidade exclusivo de um determinado grupo de pessoas."


Jack o Estripador na cultura popular

Jack o Estripador já foi apresentado em diversas obras de ficção e cultura popular, ou como personagem principal ou em papéis secundários.

Na época dos assassinatos, uma versão teatral do livro Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. hyde, romance com Robert Louis Stevenson, estava sendo apresentada. O tema central, sobre horríveis assassinatos nas ruas de Londres, chamou bastante atenção, fazendo inclusive com que o astro da peça fosse acusado por algumas pessoas de ser o próprio Estripador, embora esta teoria nunca tenha sido levada a sério pela polícia.

Em 1989, Alan Moore e Eddie Campbell lançam o romance gráfico From Hell, que apesar de confessadamente ser ficção, se aprofunda nas teorias de Stephen Knight sobre a identidade de Jack, o Estripador.

Em 1995, o escritor brasileiro Jô Soares lança o livro "O Xangô de Baker Street", que ambienta uma série de assassinatos de jovens mulheres (à maneira de Jack, o Estripador) no Rio de Janeiro imperial, cerca de 1886. Na trama, o estripador é brasileiro, e após a infrutífera intervenção de ninguém menos que Sherlock Holmes nas investigações, foge impune para Londres, prosseguindo assim com seus assassinatos seriais naquela capital, dando origem ao mito.

Em 2001, Jack O Estripador foi vivido no filme From Hell, "Do Inferno", tendo Johnny Depp como ator principal fazendo o papel do Inspetor Frederick Abberline.

Em 2006, Jack o Estripador foi escolhido pela revista BBC History Magazine e seus leitores como o pior bretão da história.

Em 2009, estreou na ITV a série Whitechappel onde os detetives do infame distrito de Londres investigam uma série de assassinatos que imitam os de Jack, o Estripador em pleno século XXI.

Em 2012, a BBC começou a transmitir a série Ripper Street. A série passa-se em 1889, seis meses após os assassinatos de Jack, o Estripador e segue as investigações da H Division de Whitechappel que nunca conseguiu encontrar o estripador.

A lenda do Estripador continua sendo divulgada no East End de Londres, com várias visitas guiadas nos locais dos crimes. O The Ten Bells, um pub Vitoriano na Comercial Street que era frequentado pelas vítimas de Jack o Estripador, foi o foco de tais visitas por muitos anos. A fim de lucrar em cima disso, os proprietários mudaram seu nome para "Jack the Ripper" na década de 1960, mas depois de protestos por feministas e outros grupos, o pub voltou ao seu nome original.


Quer saber mais sobre o caso? Acesse: http://www.casebook.org/

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